Serviço do Hospital S. João é o único em Portugal com a distinção internacional depois de uma avaliação rigorosa da EuroSpine.
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Todos os anos são operadas cerca de 1500 pessoas à coluna no Serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João, no Porto. A valência foi distinguida como Centro de Excelência na cirurgia da coluna pela EuroSpine - entidade europeia da especialidade. O serviço é agora um dos dez centros europeus com a distinção e o único em Portugal.
"Deixamos de jogar no campeonato nacional e passámos a jogar para a Liga dos Campeões", afirmou, orgulhoso, Rui Vaz, diretor do Serviço de Neurocirurgia há 19 anos. O médico explica que a distinção decorre de uma auditoria clínica, o que a torna muito mais relevante para o centro. "Existem muitas certificações e algumas são essencialmente burocráticas. Mas esta não. É uma certificação de resultados", sublinhou Rui Vaz.
"A EuroSpine viu os nossos registos: quantos doentes operamos, como é que eles estão um ano depois e que complicações teve o centro", explicou o diretor do serviço, garantindo que a segurança foi o ponto decisivo para a atribuição do certificado.
O Serviço de Neurocirurgia opera, em média, 15 pessoas por semana, intervencionando doenças degenerativas, tumorais e infecciosas. "Isto só é possível inserido num hospital como este. Uma das coisas mais importantes é a segurança do doente. E outra é que, neste registo, é preciso ter a colaboração de outras especialidades, sobretudo para conseguir responder aos casos urgentes. A auditoria avaliou tudo isto", garantiu.
Rui Vaz trabalha no S. João há cerca de 40 anos. "Primeiro como voluntário e depois como membro de serviço. "Isto [o Serviço de Neurocirurgia] não existia. É, de facto, recente", acrescentou o responsável.
Parar a doença
No bloco operatório, o ambiente é de grande concentração. Nada pode falhar. O doente em cima da mesa tem uma patologia que lhe provoca a paralisação dos braços e das pernas - mielopatia espondilótica cervical -, podendo torná-lo dependente. Com a cirurgia, que faz a descompressão da medula, não é garantida a reversão da doença, contudo a patologia poderá parar de se desenvolver.
Para isso, foi necessário retirar um enxerto do osso da bacia e colocá-lo na zona onde existia um estreitamento do canal, após a raspagem do osso da cervical até à medula. Um microscópio ajuda a equipa durante a intervenção.
Tempo cirúrgico
Com uma única sala destinada à cirurgia da coluna, o Serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João tem sete tempos disponíveis para essas operações durante a semana. Os médicos daquele serviço operam às terças, quartas e quintas, de manhã e à tarde. Aos sábados, o centro faz a recuperação de listas de espera. O tempo de cirurgia é variável com a complexidade da patologia.
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1500 pessoas por ano são operadas à colunaO
Serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João opera, por ano, cerca de 1500 pessoas. Isso equivale a uma média de 15 pessoas por semana, com doenças degenerativas, tumorais ou infecciosas.
Oito horas
É o máximo que uma cirurgia à coluna pode demorar. Excecionalmente, poderá ultrapassar esse tempo, caso se trate de um caso muito complicado. O mínimo é uma hora de operação.