Governo quer usar dinheiro para obras de reabilitação. Santa Casa nega que seja problema social.
Corpo do artigo
O Governo quer lançar no próximo mês a "Raspadinha do Património" e usar o lucro para o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, mas a ideia está a gerar polémica por causa dos efeitos sociais adversos que poderá ter.
Segundo os dados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mais de 75% dos jogadores de raspadinhas pertencem às classes sociais "baixa" e "média-baixa", o que tem motivado críticas. "Se calhar havia outras formas de ganhar dinheiro. Aquilo que vai contra a raspadinha é o facto de serem os mais vulneráveis a contribuir para o património", assinala Pedro Hubert, do Instituto de Apoio ao Jogador.
O Conselho Económico e Social já manifestou desagrado com a ideia e apelou ao Governo que congelasse a medida até que esteja concluído um estudo que está a ser desenvolvido por Pedro Morgado e Luís Aguiar-Conraria, da Universidade do Minho. Este estudo, sabe o JN, está a poucos dias de ser entregue ao Governo e poderá determinar se a raspadinha avança ou não.
A Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património já veio a público dizer que "é um pouco irónico que sejam as classes mais vulneráveis a financiar o património, uma função que devia ser do Estado".
O Ministério da Cultura também reagiu, dizendo que os dados do SICAD até 2017 "não apontam para quaisquer fenómenos específicos associados à raspadinha" e Edmundo Marinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, refere que "é excessivo" associar a raspadinha a um problema social. O anúncio feito pela ministra da Cultura em fevereiro prevê que esta raspadinha entre em vigor a 15 de maio, pelo preço de um euro, e contribua com cinco milhões de euros anuais para o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural.
13562939