Rangel quer debater futuro do PSD "a seu tempo". Poiares Maduro admite que é "legítimo" questionar liderança.
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O resultado do PSD nas autárquicas poderá não ser suficiente para dar a Rui Rio um seguro de vida. Embora seja consensual, dentro do partido, que o líder ganhou novo fôlego com as eleições de domingo, há menos certezas quanto à possibilidade de a melhoria autárquica demover alguns críticos de disputarem a liderança nas diretas de janeiro. Para já, Paulo Rangel, apontado como um dos possíveis candidatos, diz que o futuro do PSD será debatido "a seu tempo".
Rangel considera que os sociais-democratas devem celebrar os resultados - que lhes deram 114 câmaras, mais 16 do que em 2017 - "com os pés assentes na terra". Num artigo no "Público", o eurodeputado voltou a não mencionar Rio, tal como já tinha feito no Twitter, na noite eleitoral, ao dar os parabéns a Carlos Moedas pela vitória em Lisboa.
"A seu tempo virá o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades", referiu Rangel. Também pediu que o partido faça uma análise "detalhada" dos resultados.
Ora, é justamente essa análise que poderá determinar se Rangel - e outras figuras, como Jorge Moreira da Silva - desafiará Rio nas diretas. Ao JN, Miguel Poiares Maduro, antigo ministro do PSD, diz ser "legítimo" questionar se os resultados autárquicos são suficientes para reabilitar a liderança de Rio.
PSD bem ou PS mal?
"Há quem vá atribuir os resultados ao mérito do PSD e quem vá atribuí-los ao demérito do PS", antecipa o académico. Se for esta segunda hipótese a "consolidar-se" entre as hostes laranjas, Poiares Maduro acredita que Rio terá, pelo menos, um adversário nas eleições de janeiro. Ainda assim, o antigo governante considera que a posição de Rio enquanto homem-forte do PSD "não sai, seguramente, enfraquecida" das autárquicas. Até porque o partido conseguiu "a inversão de uma tendência que já tinha 15 anos, em que o PSD vinha a perder autarquias e votos, ao passo que o PS estava em crescimento constante".
Assim, Poiares Maduro acredita que as autárquicas abriram uma "oportunidade" para o PSD. Mas, embora a "mudança de expectativas" já seja, em si, "positiva", Rio só se manterá à tona se conseguir transportá-la para o plano nacional.
José Eduardo Martins, crítico de Rio, sustenta que este "não evitará" ser desafiado. Apesar disso, reconheceu, na RTP, que as autárquicas fizeram com que o líder tenha passado a ter "quase a obrigação" de se recandidatar. Feito o balanço, mantém o ceticismo: "O tónico de esperança destas eleições mostra que o candidato certo nos daria a vitória [nas legislativas] daqui a dois anos".