O novo título da CP, que deverá entrar em vigor em setembro, não abrange ligações ao metro ou autocarro. Já a mensalidade entre Porto e Lisboa, no Intercidades, fica mais barata 473,15 euros.
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Os passageiros que acumulam diariamente viagens de comboio, metro ou autocarro, sobretudo nas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, não vão beneficiar do novo passe ferroviário nacional anunciado pelo primeiro-ministro anteontem. O título, que vai custar 20 euros, é agora alargado a todos os comboios da CP, com exceção dos alfas. A assinatura mensal, que desde agosto do ano passado apenas abrangia comboios regionais, só conseguiu atrair 13 mil passageiros para a ferrovia.
A verdade é que a nova medida deixa de fora milhares de portugueses, uma vez que não contempla os passes combinados como o Andante+CP, Andante+CIM Tâmega e Sousa e Navegante Metropolitano, confirmou ao JN o Ministério das Infraestruturas e Habitação.
Na prática, um cliente que viaja diariamente entre Marco de Canaveses e o Porto paga, atualmente, 50 euros, tendo a possibilidade de usufruir de todos os transportes públicos da Área Metropolitana do Porto. Se comprar a nova assinatura de 20 euros, perde o acesso à rede da Metro do Porto, da STCP ou da Unir. Ao mesmo tempo, a assinatura mais baixa do passe Andante custa 30 euros - limitado a três zonas -, resultando no mesmo valor que pagava anteriormente (50 euros). Em Lisboa, o Navegante Metropolitano custa 40 euros e o municipal 30 euros. A acumulação do passe ferroviário nacional com qualquer um destes títulos acaba por sair mais cara aos passageiros.
De 49 para 20 euros mensais
Ainda assim, a medida é vantajosa para milhares de clientes, até para aqueles que não utilizam diariamente a ferrovia (ler caixa). O alargamento do passe aos comboios suburbanos, urbanos, inter-regionais e intercidades, já estava contemplado no Orçamento do Estado para 2024 por proposta do Livre. Mas a grande novidade prende-se com a redução do preço de 49 para 20 euros mensais.
O facto de abranger até agora apenas comboios regionais obrigava os passageiros a utilizar outros serviços, nomeadamente o urbano. De acordo com a CP, foram vendidas 30 449 assinaturas do passe ferroviário nacional desde julho do ano passado, mas apenas 13 140 correspondem a novos passageiros, 17 309 já utilizavam outro tipo de passes.
O novo título vai ainda permitir a poupança, por exemplo, de 473,15 euros mensais para os passageiros que viajem entre Porto e Lisboa nos comboios intercidades (atualmente o passe custa 493,15 euros) ; ou de 222,10 do Porto ao Pinhão num comboio inter-regional (custa 242,10 euros).
Há, contudo, várias questões a ser esclarecidas pela tutela. Designadamente, a capacidade de lotação das composições, uma vez que se tratam de viagens onde é exigida a compra de um bilhete antecipado e a marcação de lugares. Também não se sabe quanto é que a nova medida vai custar, nem como é que a CP vai ser ressarcida.
Viagens ocasionais também saem beneficiadas
Para os passageiros que circulam ocasionalmente nos comboios, o passe de 20 euros é vantajoso. Atualmente, uma viagem entre Porto e Lisboa, no Intercidades, custa 26,85 euros. De Viana do Castelo a Lisboa o preço fica-se pelos 30,60 euros e do Porto a Faro, em 46,10 euros. Em todos os casos, o valor de apenas um bilhete sai mais caro do que o novo título mensal apresentado, que permite a circulação em todos os comboios (não no Alfa) e sem limite de viagens.
Contextos
173,3 milhões passageiros
É o número avançado pela CP durante o último ano, representando um aumento de cerca de 17% em relação ao ano anterior. Nos primeiros três meses de 2024, foram transportados 51,8 milhões passageiros.
13.140 novas assinaturas
do passe ferroviário nacional que entrou em vigor no dia 1 de agosto de 2023. No total, foram vendidos 30 449 passes, mas cerca de 17 309 foram convertidos para este tarifário.