A taxa de letalidade da Covid-19 é de 3,7% e acima dos 70 anos é de 13,5%. Já foram feitos 317 mil testes de diagnóstico.
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"Desde 1 de março foram realizados cerca de 317 mil testes de diagnóstico Covid-19 em Portugal. Na última terça-feira (dia 21) foi o dia em que foram processadas mais amostras: foram 14769, das quais 7,6% deram resultado positivo", indicou o secretário de Estado da Saúde na conferência de imprensa diária sobre a evolução epidemiológica.
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"O aumento de testagem não se tem refletido num aumento proporcional de casos positivos", destacou António Lacerda Sales.
"Desde 1 de abril foi feita uma média de 10729 testes por dia. Estamos a realizar cerca de 31 mil testes por milhão de habitantes", acrescentou. Na quinta-feira, quando a testagem era 27925 pessoas por milhão de habitantes, o secretário de Estado sublinhou que esse indicador era superior a países como Alemanha, Noruega, Suíça e Itália.
"Os portugueses têm sido extraordinariamente responsáveis na forma como têm respeitado o confinamento e confiamos que também o serão na hora do desconfinamento", declarou António Lacerda Sales. "Será um processo gradual para que todo este esforço coletivo não tenha sido em vão".
Conseguimos ter uma curva da doença controlada
"Conseguimos ter uma curva da doença controlada", sublinhou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. E isso "permitiu que o nosso sistema de saúde tenha tido capacidade de responder de forma adequada às pessoas - capacidade de as detetar, de as isolar, de as tratar, de encontrar os seus contactos, de vigiar os seus contactos..."
"Isto acontece porque houve um movimento de prevenção de saúde pública que diminuiu a transmissão do vírus de uma pessoa para outra pessoa", frisou. "Quando terminar o estado de emergência e quando nós retomarmos as nossas atividades temos que o fazer de forma diferente, mantendo muitas regras que aprendemos e que aplicamos nestas últimas três semanas", voltou a sublinhar a responsável da DGS, enumerando: o distanciamento social, higiene das mãos e das superfícies e a etiqueta respiratória, acrescidas do uso de máscaras sociais em espaços fechadas, como supermercados.
"Temos de continuar a conviver dentro dos nossos pequenos núcleos familiares, dos nossos pequenos núcleos de amigos mas com distanciamento social em relação às outras pessoas", recomendou. "Se não o continuarmos a fazer, a nossa curva vai subir porque o vírus continua a circular em Portugal, na Europa e no mundo", alertou.
Respostas para população mais vulnerável
O secretário de Estado também lembrou "as franjas mais vulneráveis da população com problemas acrescidos" no âmbito da pandemia. "Falo das populações sem-abrigo, dos migrantes, dos dependentes de drogas e de álcool - que enfrentam ainda mais dificuldades e temos o dever de proteger dando respostas ao nível do alojamento, da alimentação, dos consumos seguros e da manutenção das normas de higiene", apontou o governante. Um "trabalho crucial na prevenção de potenciais focos de Covid-19 mas também para evitar outros problemas de saúde, como as hepatites virais e o HIV", explicou.
Ex-infetados têm de continuar a proteger-se
A diretora-geral da Saúde defendeu que os doentes de Covid-19 considerados curados e quem fez testes serológicos para aferir a imunidade "vão ter de continuar a ter as mesmas medidas de proteção" ao novo coronavírus.
"Não vamos pensar que isto [os testes serológicos] é a resposta a todos os nossos anseios. É mais uma pista da ciência para perceber o grau de imunidade da população. São precisos resultados mais sólidos [sobre os testes]. Temos de agir em função do princípio da precaução", defendeu Graça Freitas.
Segundo a diretora-geral da Saúde, "a ciência indica que todas as pessoas vão ter de continuar a ter as mesmas medidas de proteção".
A responsável assegurou que Portugal vai fazer estes testes e que os procedimentos serão adaptados conforme a evolução científica, mas alertou para um estudo "publicado há poucos dias", segundo o qual foi detetado o surgimento de anticorpos em 14% da população infetada pelo novo coronavírus, mas "não se sabe se são suficientes para dar proteção [contra nova infeção] ou se a proteção será duradoura".
"Não quer dizer que não os façamos. Vamos fazer. Mas vamos ter de ter muitas cautelas a interpretar os resultados destes estudos", frisou.
Quanto ao uso de plasma humano para tratar a infeção, Graça Freitas observou existirem também "muitas metodologias em diversos países" e apontou a "task force internacional" composta por várias entidades, nomeadamente o Instituto Português do Sangue e Transplantação. O objetivo "é participar num ensaio clínico alargado para perceber se uso de plasma humano é seguro para tratar a infeção", revelou.
Um fornecedor faturou 30 milhões de euros com venda de máscaras
A diretora-geral da Saúde foi questionada sobre o facto de o portal de compras públicas mostrar que, no último mês, a mesma empresa faturou mais de 30 milhões de euros com a venda de máscaras e que, desde 25 de março, teve como maior cliente a DGS.
"Portugal tem uma central de compras que permite um processo de aquisição centralizado e uma economia de escala, que atua estritamente no cumprimento da lei e torna público todos os processos de concurso", afirmou Graça Freitas.
Mães com Covid-19: partos e aleitamento
Graça Freitas assegurou não existir, até ao momento, prova de risco de transmissão do novo coronavírus através do leite materno de mães infetadas". Até à data, tudo indica que poderá ser utilizado, e que os seus benefícios serão superiores aos riscos eventuais de transmissão da infeção, que não está comprovada", afirmou.
"O que não quer dizer que não sejam tomadas algumas medidas, como ser retirado o leite e não dar através da mama ou, se a mãe o der, usar meios de proteção", sublinhou.
Segundo a responsável da DGS, está é uma questão que "tem estado a ser estudada em todo o mundo", por muitos especialistas e que "até à data não foi comprovada a transmissão".
A Associação pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto alertou, na quinta-feira, a DGS de que há grávidas a ser sujeitas a indução do trabalho de parto e a cesarianas sem indicação clínica devido à pandemia de Covid-19.
Graça Freitas recusou estar em causa qualquer recomendação da DGS. "As circunstâncias em que isto [o tipo de parto a realizar] é decidido passam-se no foro do atendimento clínico", disse. "Não há normativos neste sentido. É decisão clínica", frisou.