O eurodeputado Nuno Melo, candidato a líder do CDS, considerou que o presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, arrastou o partido para uma situação "confrangedora". Melo acusa o líder de ter "pedinchado" ao PSD uma coligação que não se concretizou, colocando-se assim numa posição "totalmente humilhante".
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"A atual liderança do CDS humilhou o partido, entregando-o incondicionalmente em todas as intervenções públicas nas mãos do PSD", escreveu Nuno Melo esta quinta-feira, no Facebook.
O eurodeputado entende que a direção democrata-cristã tentou estabelecer "a qualquer preço" uma coligação pré-eleitoral com o PSD para as legislativas de 30 de janeiro. Uma coligação que, no entender de Melo, Rodrigues dos Santos "pedinchou com insistência e na qual colocou todas as fichas".
Para o candidato à liderança, "valeu tudo" para o CDS não se apresentar sozinho às eleições, incluindo a possibilidade de "acabar engolido numa estratégia de Bloco Central apenas para que o líder e alguns dos apoiantes mais fanáticos acabassem deputados". Ao contrário, a eventualidade de o partido ir às urnas em nome próprio nunca terá sido devidamente preparada, sustenta.
Nuno Melo lamenta ainda o facto de, após a recusa do PSD em coligar-se, a direção do CDS ter passado a criticar o líder social-democrata, Rui Rio, "que antes elogiava".
Todos realizaram Congresso menos o CDS
Assim, o eurodeputado entende que a direção do partido "baseou todo o seu comportamento dos últimos meses em premissas que nunca foram mais do que meras ilusões". Um outro exemplo apontado é o adiamento do congresso eletivo do partido, que esteve marcado para 27 e 28 de novembro mas só ocorrerá após as legislativas.
Segundo Melo, o argumento de que o país iria a votos a 16 de janeiro e que, como tal, "não haveria tempo" para realizar o congresso antes disso, revelou-se "totalmente falso". Com a marcação das legislativas para 30 de janeiro, "a direção do CDS enganou-se e enganou o partido", escreve.
"Todos os partidos que tinham congressos a realizar fizeram-no sem percalço, escolheram as lideranças, aprovaram estratégias e saíram deles legitimados", prossegue o parlamentar europeu. As forças políticas nessa situação foram o PSD, o Chega e também a IL, que realiza a sua reunião magna neste fim-de-semana.
Partido em "estado de sítio"
"Retirando aos militantes o direito a fazerem as suas escolhas, a direção trouxe enorme perturbação ao partido", acusa Nuno Melo. Para o democrata-cristão, o partido "estava pacificado" com a ideia de ir a congresso mas, desde o adiamento, "passou a viver em 'estado de sítio'".
Melo atribui à direção de Rodrigues dos Santos a total responsabilidade de ter arrastado o partido "para uma situação profundamente confrangedora".
No entanto, apela a que os militantes "ajudem o CDS a superar, na medida do possível, as circunstâncias difíceis em que disputará as eleições legislativas", argumentando que o partido "não pode confundir-se com a atual liderança".