A viver um novo momento de refundação, no CDS-PP tudo está em discussão, desde o programa, ao nome e à sigla. "Para mim, é uma questão de semântica", diz o líder Nuno Melo, valorizando antes as "ferramentas" que serão encontradas nas novas bases programáticas, que vão ser aprovadas num congresso a realizar no próximo ano. Este sábado, os centristas concentram-se na formação dos seus 1500 autarcas, numa convenção a decorrer em Oliveira do Bairro.
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"Tudo pode ser avaliado, quer o nome, quer a sigla, quer o programa. O importante é dotar o CDS de ferramentas políticas para ter condições para que, por si, possa encarar os desafios eleitorais", considera Nuno Melo, garantindo que o grupo, coordenado por Lobo Xavier, vai ter toda a liberdade para, "sem amarras" ou "preconceitos" definir uma sugestão de novas linhas programáticas.
Essas novas linhas programáticas serão aprovadas, depois, num congresso a realizar no segundo semestre de 2023, após o que Nuno Melo espera que seja um período de intensa discussão interna.
"O CDS já foi CDS, CDS-PP, Partido Popular, é uma questão de semântica. Há liberdade para se pensar tudo que, depois, será discutido no partido. Pretende-se que seja uma discussão sem preconceitos", afirma o líder dos centristas, garantindo que a prioridade é a definição das bases programáticas, para que o partido possa mostrar ao eleitorado o que vale e o quanto faz falta na democracia.
CDS faria oposição "muito diferente no Parlamento"
"O CDS é o fiel da balança, entre o mercado e as preocupações sociais. Não foi substituído na Assembleia da República. O CDS faz falta", considera Nuno Melo, convicto de que o partido tem que chegar aos próximos desafios eleitorais (europeias, regionais, legislativas e autárquicas) "com capacidade de valer por si".
"Tem que ter capacidade de se apresentar a votos por si", vinca, ressalvando que isso não implica que não possa fazer acordos pré-eleitorais, nomeadamente com o seu parceiro histórico de coligações, o PSD. Apenas significa que, até para se fazer coligações, o partido tem que ser uma mais-valia. E Nuno Melo acredita que isso é possível. Até porque, com o CDS, haveria uma "oposição muito diferente no Parlamento".
"O CDS faria uma oposição muito mais acutilante", garante o líder dos centristas, criticando um Governo de maioria absoluta sem estabilidade e com incapacidade de "dar respostas em áreas determinantes da governação, como a saúde, a agricultura e a educação".
"Pelo contrário, na educação, ainda tenta virar a opinião pública contra uma luta dos professores que é legítima", aponta Nuno Melo, antecipando um dos temas que abordará ao encerrar a Convenção dos Autarcas Populares, que terá lugar, este sábado, em Oliveira do Bairro, juntando os 1500 autarcas do partido numa ação de formação política e técnica.
"O CDS é um partido com uma dimensão autárquica relevante. Governa seis câmaras sozinho, 40 em coligações e tem 1500 autarcas. Tem muita mais representação autárquica do que muitos partidos que estão na Assembleia da República. Por isso, é preciso dar relevância aos autarcas do CDS, enquanto se prepara o partido para os desafios que terá no futuro. Há uma grande vantagem na mobilização dos autarcas", sustenta Nuno Melo.
Na Convenção Autárquica deste sábado, que será aberta pelo secretário-geral do CDS, Pedro Morais Soares, e encerrada pelo líder do partido, os autarcas centristas vão ter "aulas" em áreas como as competências e o funcionamento das assembleias de freguesia, a descentralização e o orçamento e impostos municipais.