O assassinato de Sidónio Pais foi um momento traumático para a Primeira República. O 4º presidente da República tentava apanhar um comboio rumo ao Porto na Estação do Rossio, em Lisboa, quando foi alvejado à queima roupa por um ativista político de Esquerda, na noite de 14 de dezembro de 1918. Sidónio Pais ainda resistiu à gravidade dos ferimentos mas acabou por perder a vida no hospital, onde ainda teve fôlego para proclamar: "Morro, e morro bem. Salvem a Pátria!"
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A notícia do assassinato do instaurador da "República Nova" levou o Jornal de Noticias a fazer um suplemento, com o título "O Chefe do Estado é assassinado a tiro na Estação do Rocio". Na pós-título da notícia, que preencheu toda a capa do suplemento, conta-se como aconteceu o homicídio: "Quando entrava na "gare", a fim de embarcar para o Porto, o sr. dr. Sidónio Paes é alvejado por três tiros, caindo gravemente ferido. Momentos de pânico e anciedade. O assassino é imediatamente linchado. Outros mortos e feridos. O sr. dr. Sidónio Paes é conduzido ao hospital, onde morre momentos de pois".
Na noite de 14 de dezembro, Sidónio Pais jantou com o irmão e o filho no restaurante Silva, no Chiado, antes de tentar apanhar um comboio para o Porto, onde se iria reunir com a Direção das Forças Armadas do Norte. Eram 23.50 horas quando tudo aconteceu, já dentro de uma Estação do Rossio, carregada de forças de segurança, devido a um atentado gorado oito dias antes.
"O chefe do Estado dirigiu-se pelo meio do cordão da policia para uma das portas centrais que dão ingresso na gare. Quando S. Ex.ª ia a transpor a referida porta, partiu do seu lado direito uma detonação. Voltou-se para o lado de onde partira o tiro e recuou. A seguir partiram mais dois tiros. O sr. dr. Sidónio Paes cambaleou, e caiu redondamente no chão", relata-se na notícia do JN.
O ato foi realizado pelo ativista político de esquerda José Júlio da Costa, que escondia uma pistola "browning" na sua Capa Alentejana, quando rompeu o cordão policial. Foi preso, após ser brutalmente espancado pela multidão. E o presidente da República morreu às 23. 45 horas, no serviço de Urgência.
A imagem de mártir levou ao surgimento de um culto popular e qualquer sinal de estabilidade desapareceu. No Porto, os monárquicos, desvinculados do compromisso de lealdade para com o regime, proclamaram a "Monarquia do Norte". E instalou-se uma crise permanente que apenas terminou com a Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926.