Cristóvão Norte, deputado do PSD afastado por Rui Rio das listas às legislativas de 30 de janeiro, disse este sábado no congresso de Santa Maria da Feira que "o PS tem a obrigação de viabilizar um Governo do PSD caso o PSD seja minoritário" nas eleições antecipadas.
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Para o deputado eleito por Faro e líder distrital, "a questão que se coloca hoje não é tanto se o PSD vence ou não as próximas eleições. Isso não sei, nem o exijo", disse Cristóvão Norte, defendendo que "a questão que se coloca é se o PSD vencer as eleições o que é que se propõe fazer".
O deputado falou num "Estado que nivela por baixo", que "despreza os melhores", que não consegue "ganhar a batalha global pelos talentos" e defendeu que a afirmação do PSD passa por ter "uma alternativa clara".
E deixou o recado de que o PSD tem de se demarcar do PS, lembrando que até hoje o PS recusou a disponibilidade de Rui Rio para fazer reformas. "Dependentes do Partido Socialista, seremos sempre seus reféns; dependentes do PS, não iremos avante. Viu-se em 2019: o doutor Rui Rio quis estabelecer reformas estruturais com o PS e que resposta obteve? Até hoje disseram-lhe tudo e mais alguma coisa: que o PSD era imprestável, que o PSD era inútil, que o PSD representava os velhos do Restelo", disse, acusando o PS ser um partido "resignado".
Para o deputado, o desafio dos militantes do PSD é saber "o que vamos fazer para transformar este país". Mas, antecipando uma eventual vitória nas legislativas sem maioria absoluta, lembrou que no passado o PSD já viabilizou vários governos do PS, ao contrário do PS que "nunca viabilizou na história nenhum Governo do PSD".
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"O PSD viabilizou Governos do PS. Viabilizou-os porque era irreconciliável o PS com o PCP e com o BE, mas o PSD viabilizou-os no tempo de Marcelo Rebelo de Sousa", quando viabilizou quatro orçamentos, reclamando que o PS faça agora o mesmo com o PSD.
"Hoje temos o Chega que é irreconciliável com o PSD", disse. "O PS tem a obrigação de fazer ao PSD aquilo que o PSD fez ao PS no passado", disse, insistindo que se o "muro" à Esquerda se demoliu, o mesmo não se passa à Direita do PSD. "O PSD é irreconciliável à Direita", disse, recusando qualquer acordo de viabilidade de Governo com o Chega no Parlamento.