O que dizem médicos e enfermeiros sobre a vacinação como requisito para exercer profissão
O bastonário dos Médicos admite que possa vir a ser obrigatório para os profissionais que trabalhem em unidades de saúde estarem vacinados. A Ordem dos Enfermeiros é contra este requesito.
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O bastonário dos Médicos admite que possa vir a ser obrigatório para os profissionais que trabalhem em unidades de saúde estarem vacinados, mas lamenta que o Ministério não tenha avançado com uma campanha nacional de vacinação.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Guimarães adiantou ainda que vai esta sexta-feira à tarde visitar o Hospital de Santo António, local com o qual tem ligação laboral a maioria dos suspeitos de infeção de sarampo do surto conhecido esta semana no norte do país. Contudo não se sabe ainda o estado vacinal dos infetados.
O bastonário reconhece que é complexo defender a obrigatoriedade da vacinação dos cidadãos e que pode nem ser a medida mais eficaz, mas entende que em determinados locais, como as unidades de saúde ou escolas, poderá ter de ser obrigatório aos profissionais apresentar o boletim de vacinas para comprovar o estado vacinal.
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"Têm de ser dadas indicações para ser feita uma ampla campanha nas unidades de saúde. Também para que os médicos de medicina de trabalho chamem todos os profissionais de saúde à consulta e a primeira coisa que têm de ver é plano de vacinação. E depois considerar a hipótese de a pessoa estar vacinada para trabalhar numa unidade de saúde", afirmou Miguel Guimarães.
O bastonário lamenta ainda que, depois do surto do ano passado, o Ministério não tenha avançado com uma "verdadeira campanha nacional" pela vacinação, generalizada a toda a população. "Não chegam anúncios de televisão", disse.
Já a Ordem dos Enfermeiros recusa admitir qualquer requisito de entrada na profissão que passe pelo esquema vacinal, mas diz-se disponível para campanhas alargadas de vacinação e para discutir o investimento nos cuidados primários de saúde.
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"Se quiserem fazer a discussão sobre a vacinação para todos estamos abertos a fazer essa discussão, agora como requisito para trabalhar que as pessoas sejam obrigadas, e apenas para um grupo profissional, não estamos disponíveis", afirmou a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
Questionada pela Lusa, Ana Rita Cavaco insistiu: "A Ordem não está disponível para definir um requisito de entrada na profissão como o estado vacinal, da mesma maneira que a lei não prevê que as pessoas sejam obrigadas a vacinar-se".
Ana Rita Cavaco, que falava à Lusa a propósito do surto de sarampo identificado no norte do país, com 21 casos já confirmados, entre eles 19 profissionais de saúde, defendeu que a discussão se deve centrar "no desinvestimento do país nos cuidados de saúde primários e não em "encontrar culpados".