É o maior decréscimo desde, pelo menos, 1980. Esperança de vida à nascença nos 80,72 anos e aos 65 anos nos 19,35 anos
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Consequência do aumento do número de óbitos devido à covid-19, e excesso de mortalidade associada, a esperança de vida registou, no triénio 2019-2021, o maior recuo desde, pelo menos, 1980. De acordo com as tábuas de mortalidade nesta manhã divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a esperança de vida à nascença e aos 65 anos recuaram, face ao triénio anterior, 4,1 meses para, respetivamente, os 80,72 anos e 19,35 anos. Tendo o recuo sido maior nos homens do que nas mulheres.
No que à esperança de vida à nascença concerne, a estimativa de 80,72 anos apontada pelo INE está, agora, próxima do triénio 2015-2017 (80,78 anos). Resultado, explica o gabinete de estatística, "do aumento do número de óbitos no contexto da pandemia da doença covid-19, sobretudo, de pessoas com idades iguais ou superiores a 60 anos, em particular dos 65 anos 84 anos".
A esperança de vida à nascença continua a ser superior nas mulheres do que nos homens, tendo estes registado um maior recuo. Assim, os homens podem esperar vir a viver 77,67 anos, menos 4,8 meses do que no triénio 2018-2020; e as mulheres 83,37 anos (menos 3,6 meses). O diferencial entre ambos os sexos foi agora calculado nos 3,42 anos.
Analisando as séries do INE, trata-se do maior recuo face ao triénio 1980-82. Desde então, salvo no período 1995-1997, a esperança de vida à nascença tem vindo sempre a subir. No triénio referido, recuou 2,16 meses. Na última década, nota o INE, "a esperança de vida à nascença da população aumentou 1,17 anos".
Estimando-se ainda, para o período 2019-21, que 36,1% dos nados-vivos do sexo masculino e 57,3% do sexo feminino "sobrevivam à idade de 85 anos se sujeitos, ao longo das suas vidas, às condições de mortalidade específicas por idade observadas neste período", explicam.
Impactos na idade da reforma
Já a esperança de vida aos 65 anos, que serve de base ao cálculo da idade da reforma, foi estimada pelo INE em 19,35 anos, num recuo de 4,1 meses face ao triénio anterior. Pela primeira vez, conforme já confirmado pelo Ministério do Trabalho em portaria, a idade da reforma, no próximo ano, baixa para os 66 anos e 4 meses (menos 3 meses face à idade em vigor neste ano).
No homens, a esperança de vida aos 65 anos foi estimada pelo gabinete de estatísticas em 17,38 anos (menos 4,6 meses) e nas mulheres em 20,80 anos (menos 3,7 meses). De acordo com as séries do INE, a esperança de vida aos 65 anos de idade está agora próxima do valor observado para o triénio 2014-16 (19,31 anos).
De referir, por último, que nos últimos dez anos a esperança de vida aos 65 anos aumentou 5,5 meses para os homens e 7,2 meses para as mulheres.