Obra de João Cutileiro com forma fálica será tapada durante a Jornada da Juventude
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, admitiu, este sábado, que a obra com uma forma fálica do escultor João Cutileiro, no topo do Parque Eduardo VII, poderá vir a ser tapada durante a Jornada Mundial da Juventude. O autarca recusa, contudo, que o objetivo seja escondê-la do Papa Francisco.
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Numa visita ao Parque Tejo onde se vão realizar os principais eventos da Jornada da Juventude, (JMJ) Moedas disse que a recuperação do monumento em homenagem ao 25 de Abril - uma obra que custará 98 mil euros - será feita "nos próximos meses" e, até lá, "é importante sobretudo resguardá-la para protegê-la porque é uma obra muito importante". O autarca garantiu que a escultura precisa de "obras urgentes".
"É algo que temos falado com a família do escultor. Já há muito tempo que a obra está em dificuldade e a intervenção já deveria ter sido feita. Tem que ser protegida e, por isso, tudo aquilo que estamos a fazer é proteger a obra, mas não tem nada a ver com estarmos a esconder alguma coisa de sua Santidade, o Papa", assegurou.
Questionado pelos jornalistas se a escultura estará tapada durante a cerimónia de acolhimento e a via-sacra, eventos que se vão realizar no Parque Eduardo VII onde será montado o segundo altar-palco, Moedas disse não haver outra opção.
Resguardar para proteger
"O palco (palco-altar do Parque Eduardo VII) fisicamente só pode estar ali por causa das suas dimensões, não pode estar em cima da obra. A escultura só poderia ficar por trás do palco, era a única solução. Estamos a trabalhar para que a recuperação seja feita nos próximos meses, mas sobretudo resguardá-la para protegê-la, porque é uma obra importante para a cidade", justificou.
Tal como o JN noticiou em fevereiro, o monumento de Cutileiro, assim como as colunas do topo do Parque Eduardo VII, estão deteriorados e o município viu na Jornada da Juventude uma oportunidade para os restaurar. A intervenção nas duas colunas já começou a ser feita.
Quando a Câmara de Lisboa olhou para o Parque Eduardo VII como possível zona de intervenção para a JMJ descobriu que o revestimento das colunas estava degradado, assim como a estátua do Cutileiro, que tem o sistema hidráulico avariado e o cravo partido. O avançado estado de degradação obrigava a uma intervenção o mais cedo possível", referiu a Autarquia na altura.
A escultura de João Cutileiro, dizia ainda, "vai ser intervencionada localmente e protegida nas montagens do altar-palco, atrás deste, pois a implantação do palco não exige que seja retirada", como chegou a ser equacionado.
A obra está desde 1997 no topo do Parque Eduardo VII e simboliza a coragem dos capitães de Abril.