A petição pela alteração do nome previsto para a ponte pedonal Lisboa/Loures no Parque Tejo recolheu, em 48 horas, quase oito mil assinaturas.
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Os signatários não querem que uma ponte, paga com dinheiros públicos, tenha o nome de D. Manuel Clemente e justificam com a “laicidade do Estado” e com a escolha “desajustada” do nome do antigo Patriarca de Lisboa “que está sob suspeita de ter encoberto pelo menos um crime de abuso sexual de menores por parte de um sacerdote”.
O abaixo-assinado, que vai ser entregue a Carlos Moedas, pretende que o presidente da Câmara de Lisboa (que sugeriu o nome para a ponte), volte atrás na escolha do nome e opte por alguém que “tenha factualmente marcado a diferença ou sido autor de feitos que mereçam destaque no município”. “Acresce o facto de este cardeal ser, inclusive, o protagonista da mais curta liderança de um Patriarca de Lisboa em mais de um século”, refere ainda o texto da petição que pode ser assinada online.
O conjunto de cidadãos acredita que a homenagem que o autarca de Lisboa pretende levar a cabo, “pode ser vista até como uma ofensa e/ou desrespeito pelas mais de 4800 vítimas de abuso sexual por parte da igreja em Portugal, já que este é um dos seus elementos que mais resistência criou na reação ao caso agora tornado público após o relatório da Comissão Independente de fevereiro do corrente ano de 2023”.
“Respeitem-se, não só os munícipes de Lisboa, mas também todos aqueles que não pactuam nem tentam esconder os crimes hediondos de que todos tivemos conhecimento e que abalaram de forma ímpar a nossa sociedade”, finaliza o documento pedindo ainda que seja revertido o processo de dar nome à ponte pedonal.