A onda de solidariedade, gerada espontaneamente na sociedade para ajudar os bombeiros que estão a combater os fogos, está a criar problemas de logística às corporações. O presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, diz que há excedente e apela para que as ajudas sejam canalizadas para quem perdeu as suas casas.
Corpo do artigo
“Já estamos a ter algumas dificuldades em receber ajudas”, admitiu, ao JN, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, explicando que, em muitos quartéis, estão a ser sentidos problemas na organização da logística de armazenamento dos bens recebidos por falta de espaço e meios humanos.
É que, a sociedade respondeu em peso a vários apelos lançados nas redes sociais, para entregar nos quartéis dos bombeiros da área de residência bens como água, leite, medicamentos, barras energéticas e produtos de higiene. Acresce que as grandes superfícies associaram-se à causa, levando produtos a corporações até distantes das zonas dos fogos florestais, como em Lisboa. “Até na Liga recebemos”, revela.
“Estamos a ter dificuldades em levar os produtos para as zonas dos incêndios, que são os distritos do Porto, Aveiro, Viseu e Vila Real”, prossegue António Nunes, garantindo que os bombeiros que estão a combater as chamas já dispõem de toda a ajuda de que necessitam. “Não tenho qualquer informação sobre falta de água ou de leite. Houve um apelo nas redes sociais para a entrega de medicamentos. Nunca houve necessidade disso. Houve, talvez, um excesso de voluntarismo”, crê.
Segundo os relatos que estão a chegar à Liga dos Bombeiros, “as pessoas estão a ter dificuldades em organizar a logística”. “Por outro lado, mais um ou dos dias e entraremos num período de acalmia”, explica António Nunes.
A Liga está já a contactar instituições de solidariedade social, como a Cáritas, para escoar os bens perecíveis, como fruta, que foram recebidos em excesso. “Se não forem consumidos rapidamente vão-se estragar”, aponta.
Por isso, António Nunes agradece a ajuda de particulares e empresas mas faz um apelo para que, a partir de agora, a solidariedade se canalize para ajudar as pessoas que perderam tudo nos fogos florestais.
“As pessoas podem dirigir-se aos bombeiros, que farão chegar essas ajudas a quem precisa. Mas seria mais eficaz se passassem a contactar as organizações de solidariedade social, como a Cruz Vermelha, a Cáritas ou o Banco Alimentar contra a Fome”, considera.
Essa solidariedade também já está a crescer, sendo várias as empresas a disponibilizarem-se para oferecer comida ou mobília aos portugueses que perderam as suas habitações.