A minha participação como tutor na UIM deve-se ao Prof. Barata da Rocha, da Universidade do Porto, que me desafiou a trazer a minha experiência quer como investigador na área dos Sistemas de Informação Geográfica quer como velejador.
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Este projeto é bem mais do que a viagem a bordo do Creoula. Esta é apenas a parte visível do iceberg, que tem sempre uma parte muito maior imersa e invisível, segundo a metáfora do Comandante Cardoso da Silva. Nessa parte invisível, incluo a formação que foi feita ao tutores e que nos levou um fim de semana à Escola Naval.
Mas sobre este projeto, gostava apenas de realçar a parte que mais me inspira, que é a junção de dois mundos diferentes no mesmo barco. O mundo da Marinha, marcadamente hierárquico e necessariamente disciplinado e o mundo acadêmico, menos formal e até onde é aceite alguma irreverência.
Mas são dois mundos com grandes tradições na forma de educar, e a convivência com estas duas filosofias a bordo, parece-me a mais valia deste projeto.
Os jovens Universitários tem uma capacidade enorme de adaptação, em condições nitidamente desfavoráveis, como aconteceu na primeira parte da viagem. Os cadetes desempenham um papel muito interessante, porque facilmente se misturam com os instruendos e lhes transmitem os valores da Marinha, sem grandes preleções. Os quartos, as tarefas de bordo repartidas por turnos, envolvem a gente na vida de bordo, e têm decorrido com toda a normalidade. Vejo também os instruendos a dizer que se come melhor a bordo do que nas cantinas. Fico preocupado se é uma crítica às nossas cantinas universitárias, mas parece-me mais um elogio ao nosso chefe a bordo.
Por fim, quero deixar o desejo de que uma iniciativa destas possa ser usufruída por muitos mais alunos, pois é uma fórmula de sucesso. Tem que ser multiplicada e ganhar visibilidade. Pessoalmente, participar neste projeto é juntar duas coisas que me dão imenso prazer, ensinar e navegar, e estou encantado de estar neste barco.