O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) diz não estar preocupado com os impactos das conclusões do estudo aos abusos sexuais por parte de membros da Igreja na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). "Não temo nem é isso que me preocupa", afirmou D. José Ornelas, esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas à margem do encontro anual de hoteleiros em Fátima.
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Na ocasião, o também bispo de Leiria-Fátima sublinhou que a sua preocupação é que "todos se empenhem para erradicar" os abusos, não só na Igreja, mas na sociedade. "O efeito que queremos é resolver o problema. Se isso traz ou dissuade as pessoas...Pode acontecer. O pior era não fazer nada", reforçou.
Confrontado com a afirmação de Daniel Sampaio, membro da comissão independente que elaborou o estudo, que disse ao jornal Público que "se fosse bispo e tivesse ocultado casos, resignaria", D. José Ornelas limitou-se a dizer que, "cada um, no lugar em que está, tem de fazer o que deve".
Fátima com receitas de 18,6 ME
D. José Ornelas falava à margem do tradicional encontro de hoteleiros, promovido pelo Santuário de Fátima, onde foram divulgadas as estatísticas e os resultados financeiros da instituição. Os dados revelam que, em 2022, a Cova da Iria recebeu quase cinco milhões de peregrinos, ou seja, mais do dobro do que no ano anterior.
Este aumento de fiéis refletiu-se nas receitas da instituição que, no ano passado, rondaram os 18,6 milhões de euros, maioritariamente provenientes das esmolas dos peregrinos. Comparando com 2021, houve um aumento de 23% das receitas, que, no entanto, ficaram abaixo dos 20,3 milhões registados em 2019, ultimo ano antes da pandemia.
Quanto às despesas, os dados indicam que, no ano passado, o Santuário de Fátima gastou 17,7 milhões de euros, com a maior fatia a ser afeta aos salários dos 331 funcionários, que totalizaram 5,4 milhões. Os custos com serviços e fornecimentos externos cifraram-se em 3,1 milhões, também em resultado da subida generalizada dos preços, nomeadamente da energia, salientou o reitor da instituição, Carlos Cabecinhas, para quem os números apresentados expressam "contas estáveis e equilibradas". "O rigor com os gastos é total, em respeito efetivo pela missão do Santuário e pelo contributo dos peregrinos", afirmou o sacerdote.