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Vencedores
António Costa
Nem Tancos, nem arrufos de encerramento da campanha impediram uma noite de comemoração, ainda que com o travo ligeiramente amargo de ficar à beira da maioria absoluta. Sem chegar lá - meta que nunca quis assumir -, ganha ainda assim margem para escolher várias configurações possíveis no apoio ao governo. Fortalecido politicamente e na contagem de cabeças, parte para uma nova legislatura com um Parlamento completamente virado à Esquerda. Com a vida facilitada. Em teoria.
Catarina Martins
Nas contas finais, o BE não muda grande coisa em relação a 2015. Mas consolida-se como terceira força política e resiste ao forte crescimento do PS e à pressão do voto útil. Depois da troca de "mimos" durante a campanha, precisamente por se perceber que ambos disputavam o mesmo eleitorado, António Costa confirmou que os tempos continuam a ser de namoro. Sendo o parceiro forte, o Bloco arrisca também ser o mais difícil. Sem esconder as condições de que não abdica.
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André Silva
Embalado pela simpatia que as causas ambientais e os direitos dos animais têm conquistado, ultrapassou o objetivo de eleger dois deputados e conseguiu um grupo parlamentar capaz de ser considerado pelo PS, embora insuficiente para lhe garantir a necessária maioria. Aumenta a representação, mas aumenta também o escrutínio. E falta saber se, depois das primeiras hesitações e incoerências detetadas no programa eleitoral, mostra capacidade de acompanhar o rápido crescimento do partido.
Carlos Guimarães Pinto, Rui Tavares e André Ventura
O hemiciclo vai ter a maior diversidade partidária de sempre e as vitórias da Iniciativa Liberal, do Livre e do Chega mostram tendências de natureza diferente. Carlos Guimarães teve o primeiro deputado eleito nas redes sociais. Rui Tavares, não sendo o eleito, é o rosto de um trabalho persistente e equilibrado. André Ventura capitaliza a imagem de comentador e protagoniza o sinal mais preocupante de adesão do eleitorado a discursos extremistas.
Vencidos
Assunção Cristas
A hecatombe do CDS anunciava-se nas sondagens da campanha e a líder centrista estava preparada para a confirmação. Foi rápida a reagir e a anunciar o caminho aberto para um novo ciclo. Agressiva nos embates com Costa no Parlamento, foi perdendo fôlego em sucessivos erros, com a trapalhada da contagem de tempo dos professores a destacar-se entre os mais penalizadores. Apostou tudo na polémica de Tancos, mas acabou a exceder-se no tom e nos disparos contra o presidente da Assembleia da República. Longe da meta de liderar a Oposição, acaba num pesadelo pior do que nos tempos do "partido do táxi".
Rui Rio
Uma derrota é sempre uma derrota, mas depois de se traçarem cenários negros e de as expectativas serem baixas os números finais saem relativizados. Nem o total malabarismo aritmético autorizaria, ainda assim, a sua conclusão de que o PSD conseguiu "um passo em frente". Com algum autismo, resiste a mais um resultado negativo, continuando a gerir o seu tempo. E mandando os ataques do costume aos críticos internos e à Comunicação Social.
Jerónimo de Sousa
O mais penalizado dos partidos da "geringonça" mostra alguma resistência à interpretação dos sinais dados pelas urnas. Pegando no discurso de Jerónimo, encontram-se como palavras-chave "preconceitos", "mistificação" do papel do PCP e campanha desencadeada pelos meios do "capital monopolista". Pouca autocrítica e nenhuma intenção de renovação, apesar de ter ficado comprovada a consolidação do Bloco de Esquerda como força de esquerda em crescimento.
Santana Lopes
O antigo primeiro-ministro sobreavaliou o peso da sua imagem. Depois do sinal dado nas europeias, confirma-se que o Aliança não tem fôlego para descolar. Insiste na mensagem de que o Aliança veio para ficar, mas parece ser estreita a margem para fazer caminho.