As preocupações com as greves de professores, anunciadas para esta semana, estão a marcar o arranque do ano letivo.
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Na manhã desta-segunda-feira, à porta da Escola Básica 2º e 3º ciclos João Afonso de Aveiro, Ana Rita não escondia a apreensão ao deixar o filho Pedro, que entrou para o 5.º ano. “As greves são uma preocupação constante. Há programa e não sabemos se serão cumpridos”. Ao lado, Sónia Silva, que regressou a Portugal após estar emigrada na Suíça, vê a filha Constança, de 10 anos, entrar naquele estabelecimento de ensino e também não esconde a preocupação com as greves. Para além de a aprendizagem ser “diferente”, a família reside em S. Jacinto e, por isso, as deslocações em caso de não haver aulas são complicadas, já que dependem do horário do ferry para fazer a travessia da ria.
Junto à escola Mário Sacramento, Teresa Carvalho acompanha a filha de 12 anos no início de um novo ano letivo. “Preocupa-me se houver muitas greves, isso complica o rendimento. O ano passado o programa de várias disciplinas não foi cumprido”, desabafa.
“Há professores que, apesar de já terem muitos anos de serviço, podem não estar nesta escola no próximo ano, não há certeza de continuidade no acompanhamento aos alunos. O descontentamento e desmotivação que os professores têm nas circunstâncias atuais pode repercutir-se no seu trabalho e isso ter reflexo no seu desempenho, mesmo que não de forma consciente”, diz, por sua vez, Virgínia Cerveira, que foi levar o filho José Pedro, que entrou para o 7.º ano naquele estabelecimento de ensino. “Era desejável que o Estado proporcionasse melhores condições para eles [professores] poderem desempenhar o seu trabalho de uma forma mais satisfatória”, acrescenta, sublinhando que são os professores que, a par com a família, passam” mais tempo” com as crianças e jovens.
Matéria "dada a correr"
“Para além da pandemia, nos últimos dois anos houve muitas greves e a matéria foi dada a correr. Penso que os alunos ficam prejudicados, pois não estão tão bem preparados como deveriam estar. Vamos ver se conseguem recuperar”, considera José Vieira, que foi despedir-se do filho Salvador, que segue para o 7.º ano na escola José Estêvão, em Aveiro.