Decisão de alunos só regressarem à escola a 10 de janeiro não surpreende diretores e encarregados de educação. Pausa irá ditar menos dias de férias no Carnaval e Páscoa.
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No rol de anúncios de António Costa para tentar conter a pandemia, nem creches, escolas e ATL ficaram de fora. O recomeço das aulas a 10 de janeiro, sete dias após o inicialmente previsto (3 de janeiro), não apanhou de surpresa pais e diretores das escolas, que consideram a medida "expectável", face ao aumento das infeções diárias (na quinta-feira foram 3150 novos casos). Porém, a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) lembra que há encarregados de educação que não podem ficar em teletrabalho - será obrigatório na semana de 2 a 9 de janeiro - logo, o Governo deve retomar uma ajuda do passado.
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"Obviamente nem todos os profissionais estarão em teletrabalho, nem todos terão possibilidade de estar em casa com os filhos. Faltou referir isso [no anúncio das medidas]", disse Jorge Ascenção ao JN. O presidente da Confap espera que o Governo "concretize" a reabertura de escolas ou outros espaços, como aconteceu em março de 2020, para acolher crianças e jovens cujos pais trabalhem na Saúde, Proteção Civil ou em supermercados, durante o prolongamento das férias. O comunicado do Conselho de Ministros fala em voltar "a assegurar escolas de acolhimento para filhos ou outros dependentes a cargo de trabalhadores mobilizados para o serviço ou em prontidão". E o Executivo assegurou que as famílias poderão aceder a um apoio excecional à família.
Para Rui Martins, presidente da Confederação Independente de Pais e Encarregados de Educação, os cinco dias de compensação nas pausas letivas do Carnaval e da Páscoa são "um mal menor". O dirigente defende que talvez não houvesse necessidade de mudanças no calendário, já que a maioria das escolas está "preparada para o ensino à distância".
Compensação nas pausas
Fonte do Ministério da Educação confirmou ao JN que os dias de aulas por compensação serão a 28 de fevereiro e 2 de março (as férias do Carnaval resumem-se à terça-feira) e nos dias 6, 7 e 8 de abril, na Páscoa.
Apesar de considerar "prudente" a medida do Governo, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos Escolares, considera que o problema da pandemia não está nas escolas. "Temos todas as regras e procedimentos que cumprimos à risca, mas do lado de fora isso não se vê".
O novo calendário escolar coincide com as expectativas dos responsáveis ouvidos pelo JN. Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes Escolares, diz que "aritmeticamente está certo". "Os cinco dias que teoricamente se perdem recuperam-se".
Pais e diretores das escolas não querem entrar em "alarmismos", aponta Jorge Ascenção. "As escolas têm sido sítios seguros: têm casos [de covid-19], mas surgem de fora para dentro", diz. E espera que a eventual vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos aconteça nas pausas letivas.