O país vai hoje a votos naquelas que são as terceiras eleições em tempo de pandemia, mas as primeiras em que eleitores confinados, por infeção ou contacto de risco, estão autorizados a sair para ir às urnas. Ontem, estavam isoladas mais de 1,2 milhões de pessoas, dos quais 592 mil tinham covid-19.
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Do total de 9,3 milhões de eleitores recenseados, cerca de 300 mil votaram antecipadamente: pouco mais de 285 mil exerceram o direito de voto em mobilidade no último domingo, tal como fez o primeiro-ministro António Costa, no Porto, e 3405 votaram nos hospitais onde estavam internados ou nas prisões. Outros 12 721 idosos e 397 pessoas confinadas inscreveram-se para votar nos lares ou em casa, na terça e na quarta-feira passadas, mas até à hora de fecho desta edição não foi possível apurar quantos votos foram recolhidos pelas brigadas.
Os dados do boletim diário da Direção-Geral da Saúde de ontem indicavam que 1 203 011 pessoas estavam em situação de isolamento, Destas, 591 969 são casos ativos e 611 042 são contactos de risco em vigilância.
Os números reportam às 24 horas anteriores, ou seja, a sexta-feira. Porém, não devem sofrer grandes alterações no boletim de hoje, pois o número de pessoas em isolamento está acima de um milhão de habitantes desde o boletim publicado na passada segunda-feira.
Risco de fraude
Ao contrário do que aconteceu nas eleições presidenciais, em janeiro do ano passado, e nas autárquicas, em setembro, desta vez os eleitores isolados poderão votar. A decisão foi aprovada em Conselho de Ministros, com base num parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, no qual se concluiu que os cidadãos infetados não podem ser impedidos de ir às urnas, podendo sair do isolamento para "estritamente exercerem o direito de voto".
O Conselho Consultivo da PGR chegou a admitir regras distintas para cidadãos em isolamento, com mesas específicas, mas o risco de fraude afastou essa possibilidade. Como foi explicado por fonte do Ministério da Administração Interna ao JN, se alguns eleitores votassem em mesas distintas não haveria forma de cruzar os dados e dar baixa desse voto na mesa habitual, abrindo a porta a fraudes, como "votar duas vezes".
isolados votam às 18h
Assim, todos votam nas mesas habituais, sendo que as pessoas em isolamento devem fazê-lo entre as 18 e as 19 horas. Não é obrigatório seguir este horário, como admitiu a ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem - tal obrigaria a uma alteração da lei eleitoral que só pode ser feita pelo Parlamento -, mas é uma recomendação para "se evitar uma aglomeração muito grande de pessoas infetadas e não infetadas". A ministra acredita que, tal como noutras recomendações, "os cidadãos vão dar uma prova de civismo" e mostrar um "comportamento exemplar".
Nas últimas eleições para escolher a composição da Assembleia da República, em outubro de 2019, a abstenção atingiu os 51,43%, o valor mais alto de sempre em legislativas. Resta saber se a liberdade excecional dada aos isolados, vai ajudar a travar novo recorde.
Cuidados a ter em conta
Máscaras sociais, não - A autoridade de saúde recomenda a eleitores, delegados e membros das mesas de votos que usem máscaras cirúrgicas ou FFP2 e não as máscaras sociais.
Caneta própria - Os eleitores devem usar caneta ou esferográfica própria para votar nas mesas de voto.
Desinfetar as mãos - A DGS recomenda que se desinfetem as mãos antes de votar, depois de votar e antes de sair do local de votação. O desinfetante deve estar disponível também para os membros das mesas de voto.
Sem cumprimentos - A DGS recomenda que as pessoas que participam no processo eleitoral não se cumprimentem com contacto físico, como um aperto de mão, e que cumpram a etiqueta respiratória.
285848 pessoas votaram no domingo passado na modalidade de voto antecipado em mobilidade.
3405 presos e doentes internados nos hospitais já votaram para as eleições legislativas de hoje.
13118 eleitores em confinamento ou residentes em lares inscreveram-se para votar antecipadamente.