Isabel Trigo, de 55 anos, funcionária da Câmara Municipal de Viana do Castelo há 34, conhece de cor a dinâmica das mesas de voto de todas as eleições realizadas em Portugal nas últimas três décadas. "Não falhei nenhuma", garante.
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Estreou-se como secretária, a função que mais gosta de exercer nestes dias, e há cerca de 15 começou a presidir às mesas. Até hoje.
Este domingo não será diferente. Será presidente da mesa de voto número 1 da assembleia de voto instalada na Escola Secundária de Santa Maria Maior, da União de Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate). E encara o facto de poder ter votantes infetados a colocar o seu boletim na urna, à sua frente, sem preocupações.
Sem tocar no cartão
"Na mesa em que costumo estar peço ao eleitor para pousar o Cartão de Cidadão, não lhe toco, faço a leitura do nome, os escrutinadores descarregam nos cadernos eleitorais, entrego o boletim, a pessoa vai votar e quando regressa coloca-o na urna, e pega no seu cartão. Desinfeta-se o local onde o cartão estava pousado e não há risco nenhum", descreve, comentando o facto de os votos "serem todos colocados na mesma urna".
"As pessoas são responsáveis. Sabem como se devem prevenir e prevenir os outros. As que estão com covid-19 desinfetam as mãos e, à partida, não há risco", considera Isabel Trigo.
Conhecedora das necessidades para que tudo corra bem, Isabel explica que as mesas eleitorais são compostas "por um presidente, um vice-presidente, um secretário e dois escrutinadores". E que "o escrutinador é o lugar mais importante, porque é quem faz a descarga nos cadernos eleitorais e, se não for bem feita, no final do dia será mais difícil fazer o apuramento".
Por isso, recrutou um estreante para as eleições deste domingo, "organizado, metódico e responsável" quanto baste para escrutinador.
Vítor, o escrutinador
Vítor Cavalheiro, de 52 anos, técnico operativo na empresa Águas do Alto Minho (AdAM) e bombeiro voluntário na reserva, afirma que acolheu a tarefa de braços abertos. "Foi a curiosidade de saber o funcionamento disto na prática e também devido ao estado em que estamos [com a pandemia] e haver pouca gente, achei que seria uma oportunidade. É quase um voluntariado", explicou, acrescentando que não teme o facto de lidar com eleitores infetados. "Não tenho medo. Receio, quem é que diz que não tem? Mas receio é diferente de medo. Sabemos quem vamos receber e temos de estar preparados", assinala Vítor Cavalheiro.
A função nas mesas de voto, que representa cerca de 14 horas de trabalho (das 7 às 21 horas), é remunerada com 52 euros e assegurada pelas juntas de freguesia.