Inês de Sousa Real avisou esta quarta-feira que a investigação sobre corrupção na Madeira não acabou, recusando ter havido precipitação do PAN na exigência de demissão de Miguel Albuquerque, enquanto Rui Tavares, do Livre, criticou o facto de os arguidos agora libertados terem ficado detidos "tanto tempo", por 21 dias.
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Num frente-a-frente sobre as legislativas, na RTP3, os líderes do PAN e do Livre começaram por ser questionados sobre a libertação de Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia, no caso que levou o chefe do Executivo madeirense, Miguel Albuquerque, a pedir a renúncia. Foi já concretizada a demissão do Executivo de coligação PSD/CDS apoiado pelo PAN, que exigiu a mudança da chefia do Governo para manter o acordo.
Questionada sobre se o facto de o PAN ter retirado a confiança ao presidente do Governo Regional da Madeira foi uma "decisão precipitada", Inês de Sousa Real respondeu "de forma alguma" porque "esta investigação não acabou o seu curso".
"O PAN teve a atitude responsável de pedir a Miguel Albuquerque que se afastasse do poder para que pudesse haver lugar à investigação. E achamos que é uma forma de recuperar a credibilidade das instituições", sublinhou a porta-voz nacional do partido, quando se atravessam crises políticas a nível regional e nacional.
Além disso, Inês Sousa Real diz que a investigação do caso de corrupção e a intervenção da deputada única do PAN permitiram, na Madeira, travar projetos como o teleférico no Curral das Freiras e a Estrada das Ginjas. Fez ainda o paralelismo com a Operação Influencer que levou à demissão de António Costa, apontando neste caso o "data center" de Sines.
"É importante que projetos como estes estejam suspensos enquanto decorrem as investigações. Conseguimos fazê-lo na Madeira. Neste caso, foi a política que funcionou e não a justiça", sublinhou ainda.
Antes, defendeu o "reforço de meios na justiça", para o quotidiano e os grandes casos de corrupção. Isto "em vez de cairmos na tentação de politizar a justiça".
Rui Tavares, presidente do Livre, criticou o PAN pelo seu apoio ao Miguel Albuquerque. Apelidou este parido de incoerente porque considerar "possível apoiar o Governo da Madeira, que tem 48 anos de casos" de "maus tratos a animais" e ataques ao ordenamento do território.
No plano nacional, Rui Tavares diz que é preciso aproveitar os 50 anos do 25 de Abril para, "mais do que fazer face a uma crise política", resolver uma "crise de regime" com "desencontro entre poder judicial e poder político".
Numa analogia também com a demissão do Governo nacional, diz que "o Ministério Público tem o direito de investigar, mas também tem o dever de comunicar melhor as investigações que faz", dando o exemplo da Operação Influencer que levou à queda do Executivo socialista.
No caso concreto da Madeira, apesar de criticar " excessiva proximidade entre negócios e poder político", considera que "estas pessoas não deviam ter estado privadas da sua liberdade durante tanto tempo".