Estava previsto que encontro de 1300 casais, que celebram 10, 25, 50 e 60 anos de matrimónio, acontecesse em igreja da Maia. Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar teve de optar por dividir jubilados por paróquias.
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É costume o Dia Diocesano da Família, celebrado pela Diocese do Porto, juntar 1200 casais que comemoram os 10, 25, 50 e 60 anos de casados. Só no ano passado, o Arena Dolce Vita, em Ovar, recebeu 2500 pessoas. Um cenário "impossível de concretizar-se" este ano por conta da pandemia. Ainda assim, são quase 900 os casais inscritos. Mas com cerimónias dispersas. Com algumas marcadas para amanhã, as celebrações serão contidas, com os casais reunidos nas suas paróquias.
Segundo Ângelo Soares, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, "o 19.º encontro ainda chegou a ser pensado para acontecer entre maio e junho na Igreja de Nossa Senhora da Maia, onde se iriam reunir 1300 casais". Não aconteceu. "Em setembro, com o avanço da covid-19, percebemos que não podíamos continuar com um evento desta dimensão", assinalou. Até porque, "80% dos jubilados são os que celebram 25 e 50 anos de matrimónio, logo, pertencem ao grupo de risco e era impossível fazer a celebração com segurança".
Alteração de planos
Foi então que o Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar, depois de auscultar o bispo do Porto, D. Manuel Linda, decidiu que a cerimónia passaria a acontecer de forma mais reservada nas 22 vigararias da diocese. Só que um novo revés da pandemia, com o número diário de novos casos a subir - obrigou inclusive ao recolher obrigatório a partir das 13 horas, ao fim de semana -, levou a nova alteração de planos: "Achamos melhor, se possível, cada paróquia fazer a festa com os seus". E daí que alguns casais celebrem a sua união amanhã, outros no dia 8 de dezembro (Dia de Imaculada Conceição) e outros ainda a 27 de dezembro (Dia da Sagrada Família).
Feitas as contas, "estão quase 900 casais inscritos", disse Ângelo Soares, dando nota que em cada uma das celebrações passará um vídeo do bispo a felicitar os jubilados.
Reportagem
Nunca imaginei ver as nossas alianças benzidas pela Internet
Estava tudo preparado para ser um dia memorável. Roupa nova comprada (nunca chegou a ser estreada), uma festa organizada para 100 convidados, e até uma cerimónia na igreja onde trocariam as alianças de 50 anos de casados, a 11 de abril. "Teve de ser tudo cancelado, por causa da pandemia. Foi um dia muito triste. Só tinha vontade de estar em casa de pijama", contou ao JN Arminda Lopes, de 71 anos. Ainda assim, umas das filhas conseguiu uma videochamada com o pároco, que benzeu as alianças. "Nunca imaginei ver as nossas alianças benzidas pela Internet", desabafou Jorge Lopes, de 73 anos.
Arminda e Jorge viram as bodas de ouro serem adiadas. Samuel e Daniela vão celebrar dez anos
Mas esta não foi a primeira vez que o casal, que vive na Maia, teve de lidar com uma contrariedade relacionada com o seu matrimónio. "Há 50 anos, o casamento que estava marcado para 9 de maio teve de ser antecipado, porque o meu marido foi mobilizado para ir para a Guiné", recordou Arminda, que "numa semana" resolveu tudo.
Em 50 anos de vida em comum, o casal não tem dúvidas que os 23 meses em que Jorge esteve fora, na Guerra de Ultramar, "foram muito duros". Já entre as melhores recordações está o nascimento das filhas, Sílvia e Filipa, e dos cinco netos. Jorge não tem dúvidas que a cerimónia, marcada para dia 27 de dezembro, em que finalmente vão celebrar os 50 anos de casados, "vai acrescentar valor". E explicou: "Ficaríamos incompletos, já que juramos um ao outro que a nossa união seria para sempre".
"Passou muito rápido"
A mesma convicção têm Samuel e Daniela, de 41 e 39 anos, que residem na Feira, e que amanhã assinalam dez anos de casamento, na igreja de Milheirós de Poiares. "Temos a sensação de que isto passou muito rápido, porque parece que foi ontem, mas temos noção de que dez anos é um marco, uma vez que é uma união que fizemos para a vida", referiu Samuel.
Já Daniela é da opinião que a celebração na igreja servirá também para mostrar aos dois filhos, Vasco e Duarte, de seis e sete anos, que já andam na catequese, "o quanto a família é importante".