A lotação das festas de casamento está limitada a 25% até 2 de maio, mas isso não impediu que algumas centenas de noivos agendassem a boda para esta altura. Até 16 de maio, estão marcados 1503 casamentos, 336 destes na primeira semana de desconfinamento do setor.
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Um deles foi o de Ana Sofia Ribeiro e de João Mesquita, ambos de 31 anos, que casaram ontem pela igreja em Paredes. O pedido de casamento foi feito no início da pandemia e a data de 24 de abril já estava marcada há vários meses. A incerteza era muita, mas os preparativos continuaram sempre e o grande momento da vida do casal aconteceu mesmo. "É um stress muito grande, porque tínhamos medo de estar a preparar tudo e, no fim, não haver autorização", conta Ana Sofia.
Desde o início, a opção do casal foi convidar pouca gente. Por um lado, não sabiam com que regras iam poder casar quando chegasse o dia e, por outro, não queriam ficar responsáveis por um surto. "Temos só 50 convidados, basicamente é a família próxima, não tivemos de desconvidar ninguém, porque o espaço é grande, mas gostávamos de fazer uma festa maior", assume João ao JN.
No casamento de Ana Sofia e João, como nos restantes, todos têm de usar máscara e manter o distanciamento. "Não é o ideal, mas é para cumprir", assumem, enquanto recordam que ponderaram adiar, mas chegaram à conclusão de que "tão cedo os casamentos não vão poder fazer-se no formato normal". Daí que tenham optado por aproveitar a oportunidade.
Até 2 de maio, os casamentos podem realizar-se com 25% da lotação. Para esta quinzena, o Instituto dos Registos e do Notariado tem agendados 642 casamentos. Depois, a nova fase de desconfinamento, a partir de 3 de maio, prevê 50% de lotação. Na primeira quinzena da próxima fase, portanto até 16 de maio, há 861 agendamentos.
Cancelamentos caíram
Depois de um ano de pandemia com menos 43,1% de casamentos, segundo o Instituto Nacional de Estatística, o cenário para 2021 antevia-se negro para o setor. No primeiro trimestre deste ano, realizaram-se menos de 50% das cerimónias do que no período homólogo. No entanto, o anúncio do desconfinamento marcou o momento de viragem.
"A partir do momento em que anunciaram que se podia fazer, ainda que com a lotação a 25%, os cancelamentos caíram a pique", afirma Jorge Ferreira, diretor-executivo da BestEvents, empresa responsável pela organização de feiras ligadas ao setor. As quebras de faturação de 2020 foram "brutais", motivo pelo qual há satisfação e esperança por verem o futuro planeado: "É óbvio que a satisfação não é total, mas, perante o cenário atual, estamos bastante contentes por passar para a segunda fase de abertura". Até ao final de maio e início de junho, o setor espera "que as restrições sejam quase nulas, tirando obviamente o uso de máscara e desinfeção das mãos", diz o empresário.
O setor aposta tudo no verão para tentar recuperar o máximo de trabalho perdido. "Vai-se focar tudo em junho e agosto. É óbvio que só começaremos a trabalhar com mais força a partir de meados de maio, com o tempo quente", explica Jorge Ferreira. A indústria movimenta cerca de quatro mil milhões de euros por ano e não há tempo a perder.
Pormenores
90% de perdas de faturação no setor dos casamentos, no ano passado, segundo os dois únicos estudos que há sobre a matéria.
Concelhos preocupam
Uma das preocupações do setor prende-se com os concelhos que podem ver o desconfinamento travado, pois a incerteza é inimiga dos negócios planeados a longo prazo.
Recorde negativo
No ano passado, realizaram-se 18 902 casamentos, menos 43,1% do que em 2019, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Foi o ano com menos casamentos de sempre.