Para mais de metade dos profissionais as tecnologias vieram invadir a vida pessoal
Um estudo desenvolvido por três investigadores da Nova School of Business and Economics (Nova SBE) conclui que 52% dos profissionais se sentem invadidos pelas tecnologias móveis na vida pessoal. O mesmo estudo, designado "Tecnostress", revela que os inquiridos sentem níveis elevados de tecno-invasão (42%) e tecno-sobrecarga (35%). Os dados apresentados correspondem a uma amostra de 4083 indivíduos que responderam a um questionário online entre fevereiro de 2020 e outubro de 2021.
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Mais de metade dos profissionais em Portugal (52%) admitem que as tecnologias móveis, utilizadas em contexto laboral, sobretudo no início da pandemia, invadem a vida pessoal, conclui um estudo do Observatório de Liderança e Bem Estar da Nova SBE, divulgado esta quarta-feira.
Os resultados revelam que os inquiridos sentem níveis elevados de tecno-sobrecarga (35%) e tecno-invasão (42%), com 47% a reconhecerem que têm que mudar hábitos de trabalho para se adaptarem às tecnologias móveis.
Com o "Tecnostress", desenvolvido por uma equipa da Nova SBE - Filipa Castanheira, Pedro Neves e Inês Dias da Silva -, os investigadores procuraram perceber como o stress associado à tecnologia móvel, em contexto laboral, tem impacto no bem-estar dos trabalhadores, tal como identificar grupos demográficos em maior risco de desenvolvder dependência da tecnologia ou exaustão.
"Os níveis de tecnostress têm também expressão na saúde e bem-estar, estando a invasão e sobrecarga das tecnologias associadas a queixas psicossomáticas e exaustão emocional uma a duas semanas mais tarde face à exposição", refere a instituição, em comunicado.
Do estudo resultam três recomendações, a nível individual, organizacional e sistémico, para combater os riscos inerentes à tecno-invasão e à tecno-sobrecarga. O desenvolvimento de políticas organizacionais para "gerir o papel das tecnologias na sobrecarga e invasão", através de "legislação e regulamentação interna em linha com a que foi publicada em Portugal que regula o contacto do empregador fora de horas de expediente".
Seguem-se a formação de chefias sobre o potencial impacto negativo "das culturas sempre conectadas, através da sensibilização para as consequências nefastas na saúde", e ainda capacitar os trabalhadores para a "gestão ativa das fronteiras entre o trabalho e a vida pessoal e familiar, fomentando métodos de gestão da interface trabalho e vida pessoal, contemplando o uso adequado da tecnologia móvel em trabalho e nos momentos de lazer".
O estudo "Tecnostress" corresponde à análise de mais de 4000 questionários realizados online a 4083 indivíduos, 51% do sexo feminino e 49% do sexo masculino. As conclusões mostram que os homens reportam mais tecno-sobrecarga e tecno-invasão do que as mulheres.
A maioria dos inquiridos (62,1%) são portugueses, a desenvolver a sua atividade profissional na indústria farmacêutica ou alimentar (9%), na prestação de serviços como consultoria, saúde ou vendas (41%) e em atividades ligadas à informação, ciência e tecnologia (50%).