O líder ucraniano voltou a pedir uma zona de exclusão aérea no país e a NATO voltou a recusar. Os Estados Unidos aumentaram os apoios em dinheiro e armas, e a Rússia voltou a insistir num modelo rejeitado por Kiev. Enquanto isso, os bombardeamentos continuam. Saiba aqui quais são os principais pontos que marcaram este 21.º dia de guerra.
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- Um prédio residencial de 12 andares em Kiev foi atingido por bombardeamentos russos. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas e 35 tiveram de ser retiradas do edifício.
- As autoridades ucranianas e norte-americanas acusam as forças russas de terem matado a tiro 10 pessoas que estavam numa fila para receberem pão em Chernihiv, no norte da Ucrânia, durante a manhã. O Ministério da Defesa da Rússia negou os relatos, alegando que nenhum soldado russo estava na cidade, onde, também hoje, foram recuperados os corpos de cinco pessoas, incluindo três crianças, durante buscas em prédios residenciais danificados por bombardeamentos.
- As tropas russas bombardearam um teatro na cidade sitiada de Mariupol, onde centenas de pessoas estavam abrigadas, anunciou a Autarquia, que divulgou uma imagem do edifício danificado e disse que o número de vítimas estava a ser levantado.
- O Tribunal Internacional de Justiça da ONU ordenou que a Rússia interrompa a invasão, dizendo que não há nenhuma evidência que permita apoiar a narrativa do Kremlin para justificar a guerra. Só os juízes russos e chineses do tribunal votaram contra o veredito.
- O presidente da Ucrânia pediu ajuda aos Estados Unidos para obter uma zona de exclusão aérea e recordou os ataques à base militar de Pearl Harbor e às Torres Gémeas, comparando-os com os horrores que o povo ucraniano tem vivido. "Precisamos de vocês agora", apelou Zelensky, dirigindo-se ao Congresso dos EUA, acrescentando que "a Rússia transformou o céu ucraniano numa fonte de morte para milhares de pessoas".
- O secretário-geral da NATO repetiu a ideia de que não será estabelecida uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, apesar dos constantes pedidos de Volodymyr Zelensky. "Vemos destruição, vemos sofrimento humano na Ucrânia, mas isso poderia tornar-se ainda pior se a NATO tomasse medidas que realmente criariam uma guerra entre a NATO e a Rússia", disse Jens Stoltenberg, no fim de uma reunião dos ministros da Defesa da aliança.
- O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou uma nova ajuda na área da segurança no valor de mil milhões de dólares (cerca de 909 milhões de euros) e o envio de armas de longo alcance para a Ucrânia - assegurando ao aliado o apoio "sem precedentes" da América na guerra com a Rússia. O dinheiro, aprovado com a aproximação das forças russas à capital sitiada da Ucrânia, Kiev, inclui 200 milhões de dólares atribuídos durante o fim-de-semana e 800 milhões de dólares em novos fundos de um pacote de ajuda aprovado na semana passada pelo Congresso.
- O presidente russo disse que o Ocidente "não terá sucesso" naquilo que considera ser uma tentativa de "dominar o mundo" e desmembrar a Rússia. "Se o Ocidente pensa que a Rússia vai recuar, não entende a Rússia", declarou Vladimir Putin, acrescentando que manter a Rússia sob controlo é uma política de longo prazo do Ocidente e que as sanções económicas contra Moscovo refletem uma grande "falta de visão".
- O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que "o modelo austríaco ou sueco de um Estado desmilitarizado está a ser discutido para a Ucrânia e pode ser visto como uma opção para um compromisso". Mas o negociador ucraniano Mykhailo Podoliak considerou a proposta russa inaceitável, defendendo que qualquer acordo de paz terá de assegurar a soberania do país. A Áustria e a Suécia têm os seus próprios exércitos, mas não são membros da NATO.
- O "Financial Times" publicou uma reportagem dando conta de um plano de paz composto por 15 pontos proposto entre Moscovo e Kiev, que incluía um cessar-fogo e a retirada russa se a Ucrânia declarasse neutralidade e aceitasse determinados limites nas suas Forças Armadas. O negociador ucraniano Mykhailo Podolyak disse que a proposta mostra apenas "a posição solicitante do lado russo".
- O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde confirmou 43 ataques a instalações e profissionais de saúde desde o início da invasão. Duas pessoas morreram e pelo menos oito ficaram feridas.
- O autarca da cidade ucraniana de Melitopol, Ivan Fedorov, que estava refém das forças russas, foi libertado, confirmaram as autoridades ucranianas.
- A bailarina Olga Smirnova, uma das maiores estrelas da dança da Rússia, deixou a companhia Bolshoi Ballet, em Moscovo, depois de se posicionar contra a invasão russa na Ucrânia.
Em Portugal
- Pelo menos sete portugueses estão na Ucrânia com objetivos militares e estão bem, confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, sublinhando que Portugal não concorda com o procedimento destes "combatentes entre aspas". "Entendemos que esta não é a forma mais eficaz de apoiar os ucranianos no seu direito à autodefesa e não faz parte da tradição ou forma de ser dos portugueses, nem é a forma como Portugal contribui para a segurança internacional", explicou Augusto Santos Silva.
- O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, disse que foram matriculadas oficialmente 300 crianças e jovens de nacionalidade ucraniana nas escolas portuguesas, em sequência da guerra na Ucrânia.
- Foi com uma salva de palmas que foram recebidas, em Paredes, as três carrinhas que no sábado partiram em direção a Varsóvia, na Polónia, para trazer para Portugal 21 mulheres, jovens e crianças ucranianas. Depois de quatro dias de viagem, o grupo, acompanhado por seis voluntários, chegou na manhã desta quarta-feira, com esperança em dias melhores. Leia aqui a reportagem
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