As várias forças políticas, em campanha para as legislativas de 10 de março, não tencionam reforçar a segurança nas suas ações de campanha, depois do episódio desta quarta-feira em que ativistas do movimento Fim ao Fóssil atingiram Luís Montenegro com tinta verde. O PSD apresentou queixa à PSP.
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O presidente do PSD já fez saber que vai formalizar ainda hoje uma queixa na PSP contra o ativista que o atingiu com tinta verde, à entrada da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), esta manhã e agradeceu as manifestações de solidariedade por parte dos vários partidos políticos que condenaram o ato.
Questionado sobre se reforçará a segurança na campanha eleitoral, o Partido Socialista disse que continuará a "funcionar com a estrutura habitual de campanha", sem detalhar qual o dispositivo que utiliza.
Por sua vez, fonte oficial do Chega afirmou ao JN que o partido "não vai fazer qualquer reforço de segurança" e a Iniciativa Liberal respondeu que "nada vai mudar na campanha" e que "não se deixa intimidar nem condicionar por nenhum tipo de ataque à democracia e à liberdade".
Também questionada pelo JN, fonte oficial da CDU disse que "a estrutura de apoio à intervenção do secretário-geral ao nível das várias necessidades que estão identificadas corresponde à de momentos e campanhas anteriores não estando consideradas alterações" e o Bloco de Esquerda declara que a segurança é "assegurada pela própria equipa de campanha".
Já o Livre confirma que "não vai reforçar a segurança", e por seu turno, o PAN diz que vai "continuar pacificamente" a sua "rota".
O primeiro-ministro, António Costa, deu hoje instruções para que a PSP disponibilize segurança pessoal aos líderes dos partidos com assento parlamentar que o pretendam, na sequência do ataque ao presidente do PSD. Fonte do gabinete do chefe do Governo disse à agência Lusa que António Costa já falou com Luís Montenegro, tendo-lhe transmitido a sua decisão.
À chegada à inauguração da BTL, confrontado com o episódio, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que este tipo de ações já perdeu a eficácia.
"A ideia é uma boa ideia, que é o clima e que todos partilhamos. [...] É um bom apelo, é um apelo de jovens, agora eu penso que a partir de determinada altura é uma forma de atuação muito pouco eficaz", considerou o presidente da República, ladeado pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia, mas considerou que esta forma de atuação "francamente, já perdeu eficácia", por ser repetitiva.
PSP não vai alterar plano de segurança dinâmico
A PSP não vai alterar o plano de segurança que foi programado para a campanha eleitoral. Desde logo, porque esse plano já previa que cada uma das ações de propaganda fosse acompanhada por um dispositivo policial constituído em função de uma análise de risco prévia.
Fonte oficial da PSP revela ao JN que todas as iniciativas de campanha de todos os candidatos às eleições dos partidos com assento parlamentar beneficiam de um dispositivo mínimo de segurança, que contempla um policiamento de visibilidade, efetuado por agentes fardados, e uma vigilância mais discreta, levada a cabo por elementos da Divisão de Investigação Criminal à civil. “Este dispositivo é transversal a qualquer evento de todos os candidatos”, refere fonte da PSP.
A mesma fonte explica que o dispositivo mínimo pode, no entanto, ser aumentado caso a análise de risco, realizada previamente a cada um dos eventos através de fontes abertas, indicar o aumento do grau de ameaça. “Se, por exemplo, houver a desconfiança que poderá acontecer uma receção hostil a um dos candidatos, o dispositivo de segurança pode ser reforçado”, acrescenta.
A PSP não comenta as indicações do primeiro-ministro, António Costa, para que seja disponibilizada segurança pessoal aos principais candidatos às eleições legislativas. Mas o JN apurou que esta medida está sempre dependente de uma avaliação da ameaça da responsabilidade do Serviço de Informações de Segurança (SIS). Ou seja, qualquer um dos candidatos só poderá ser acompanhado por polícias do Corpo de Segurança Pessoal se o SIS identificar alguma ameaça específica a esse político.