O PS sugeriu esta quarta-feira ao presidente da República que as eleições regionais da Madeira, que terão lugar este ano, sejam agendadas para 24 de setembro. A data também é defendida por CDS e Juntos Pelo Povo (JPP), sendo o PCP o único partido com assento parlamentar a propor que a ida às urnas ocorra em outubro.
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"Respondemos afirmativamente àquela que era a data que o sr. presidente da República já tinha anunciado, que era o 24 de setembro, para a realização das eleições regionais", afirmou Sérgio Gonçalves, líder do PS/Madeira, ao sair de uma audição com Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.
"Não nos opomos a essa data e desejamos que as eleições sejam marcadas o mais rapidamente possível, para que possamos afirmar esta alternativa de que a Madeira tanto precisa", acrescentou o socialista.
Sérgio Gonçalves considerou que a população "está cansada de um Governo que tem praticamente 50 anos e que tem sido incapaz de dar a respostas de que os madeirenses precisam". Garantindo estar "preparado" para governar o arquipélago, acusou o Executivo PSD/CDS, liderado por Miguel Albuquerque, de "atropelar diariamente a democracia e a liberdade".
Miguel Albuquerque, líder do Governo da Madeira e do PSD local, também vê o dia 24 de setembro como "a data mais adequada" para a ida a votos. O social-democrata também disse não ter quaisquer "linhas vermelhas" com o Chega relativamente a eventuais acordos pós-eleitorais, tendo recomendado a Luís Montenegro, o líder social-democrata nacional, que tome a mesma decisão.
O site da Presidência publicou uma nota onde se refere que Marcelo comunicará "oportunamente" a decisão quanto à data das eleições madeirenses.
CDS diz que Chega e IL trazem "instabilidade"
O presidente do CDS, Nuno Melo - partido que integra a coligação de governo na Madeira e que conta com três deputados -, também disse concordar com a marcação do sufrágio para 24 de setembro. Melo procurou apresentar o seu partido como "fator de estabilidade" do Executivo regional, por oposição à "instabilidade" que, no seu entender, Chega e IL trouxeram ao acordo de governo nos Açores.
Recorde-se que o partido de André Ventura e os liberais - que tentam conseguir, pela primeira vez, representação parlamentar na Madeira - protagonizaram alguns atritos com o PSD nos Açores. A IL rompeu mesmo o acordo parlamentar, tendo o Chega visto um dos seus deputados passar a independente e a retirar-se, também ele, do entendimento que garantia a maioria absoluta.
"Olhem para os Açores e percebem o que pode acontecer na Madeira", sugeriu Nuno Melo. No entanto, evitou falar em cenários pós-eleitorais com Chega e IL: "O CDS só tem de trabalhar todos os dias para garantir a maioria absoluta, não pensamos sequer noutra possibilidade", assegurou.
JPP pronto a dialogar "com todos", PCP quer "mais votos e mais eleitos"
O JPP (três deputados) defende que as eleições decorram a 24 de setembro. Vanessa Carvalho, representante do partido, observou que as datas posteriores estão demasiado próximas do feriado do 5 de Outubro, considerando que isso poderá ser um "obstáculo a que mais pessoas votem".
Questionada sobre se o JPP poderá apoiar a coligação PSD/CDS caso esta não obtenha a maioria absoluta, Vanessa Carvalho frisou que o seu partido "não fecha a porta a nenhum diálogo". Duvidou ainda que Chega e IL consigam eleger deputados, considerando que ambos "ainda não têm expressão suficiente" na Madeira.
Já o PCP (um deputado) entende que o sufrágio deve ocorrer em outubro e lembrou que só por duas vezes isso não aconteceu. Edgar Silva, coordenador regional do partido, argumentou que setembro ainda é "um mês de regresso" de férias, defendendo que só organizando a ida às urnas em outubro será possível garantir que haverá tempo suficiente para debates e esclarecimentos.
Edgar Silva frisou que o objetivo dos comunistas é conseguir "mais votos e mais eleitos". Sobre o novo Governo, não excluiu que venha a integrar eventuais eleitos do Chega, já que, no seu entender, a Direita "tem recorrido a todos os meios" para se "segurar no poder".
O Parlamento da Madeira tem 47 deputados. Nas últimas eleições, em 2019, o PSD conseguiu 21, o PS 19, CDS e JPP alcançaram três mandatos cada e a CDU um. Este ano, BE e PAN querem voltar a ter representação parlamentar, com Chega e IL a tentarem eleger, pela primeira vez, um deputado no arquipélago.
O presidente da República tem de marcar as eleições regionais com, pelo menos, 60 dias de antecedência.