Milhares de pessoas reuniram-se, este sábado, em Berlim, em frente às portas de Brandeburgo, para exigirem o "fim do genocídio" na Faixa de Gaza, e também o final do fornecimento de armas à Ucrânia.
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A manifestação, convocada pelo partido Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), reuniu entre 12 mil pessoas, número divulgado pela polícia, e 20 mil pessoas, segundo contas da organização, ambos citados pela Agância France Presse (AFP), que refere tratar-se de um dos maiores protestos em defesa da Palestina realizados na Alemanha nos últimos meses.
No início de agosto, o chanceler alemão, Friedrich Merz, anunciou a suspensão das exportações de equipamento militar para Israel que pudesse ser utilizado na Faixa de Gaza, após o anúncio do plano israelita para o controlo da cidade palestiniana.
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Durante a manifestação deste sábado, na qual também se protestava contra os "novos milhares de milhões oferecidos à Ucrânia" pela Alemanha a título de ajuda militar, a fundadora do BSW, Sahra Wagenknecht, exigiu que o governo alemão se comprometesse "com negociações de paz, tanto no Médio Oriente como na Ucrânia".
Devido à sua responsabilidade histórica pelo Holocausto, a Alemanha tem sido tradicionalmente um dos maiores apoiantes de Israel.
Foto: FILIP SINGER/EPA
A posição de Berlim em relação a Israel, no entanto, endureceu nos últimos meses, à medida que a situação humanitária na Faixa de Gaza se tem deteriorado drasticamente.
A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada por um ataque do grupo extremista islamita Hamas em solo israelita, em 7 outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar israelita sobre Gaza.
Foto: FILIP SINGER/EPA
Desde 7 de outubro já morreram mais de 64 mil pessoas na Faixa de Gaza, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, números considerados fidedignos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
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Há muito que a ONU declarou o território mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de dois milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Israel tem atualmente em marcha um plano militar para ocupar a capital do território e expulsar centenas de milhares de habitantes, que prevê o desarmamento do Hamas e a recuperação dos reféns antes de entregar o enclave a uma gestão civil não hostil a Telavive.
No final do ano passado, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.