A greve nos comboios que está a ter uma adesão de 100%, segundo o sindicato, está a empurrar, esta quarta-feira, os frequentadores usuais para os autocarros e a surpreender apenas os turistas.
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O sindicalista José Oliveira da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) disse hoje à Lusa em Lisboa que a circulação dos comboios foi suprimida em todo o país em virtude da greve. Não foram decretados serviços mínimos.
Na estação de Santa Apolónia apenas algumas pessoas, na maior parte turistas, se aproximam das bilheteiras que se encontram encerradas, constatou a agência Lusa.
Na estação do Cais do Sodré, no centro de Lisboa, o movimento de passageiros é mais acentuado porque se trata de um ponto de confluência, além da linha ferroviária de Cascais, junta a rede de metropolitano, do terminal fluvial que liga a capital portuguesa à margem sul do Tejo, e autocarros da Carris.
As pessoas que saem das embarcações provenientes da margem sul do Tejo passam pelas bilheteiras encerradas sendo que o acesso à gare ferroviária está fechada devido à greve.
Neste ponto de Lisboa, a maior parte dos utentes estão a usar os autocarros e os elétricos verificando-se que muitos dos veículos públicos estão vazios em frente às paragens aguardando a entrada dos passageiros.
Nas paragens dos autocarros 706, 714, 728, 732, 760 e 201 (que fazem longas ligações), no Cais do Sodré, a circulação é regular assim como a utilização de táxis.
Na baixa de Lisboa, às 9 horas o trânsito automóvel circulava com normalidade não se verificando congestionamentos.
Uma das situações que afetam mais os utentes, neste ponto, diz respeito à ligação ferroviária da linha de Cascais visto não existirem serviços mínimos ou transportes alternativos.
"Mais valia o país entrar para greve para sempre, todos os dias", ironizou Rui Sousa que se queixa da falta de serviços mínimos nas ligações ferroviárias entre Lisboa e Cascais.
"Não sei o que vou fazer, tenho de ir para Cascais", disse ainda à Lusa o utente frente à bilheteira encerrada no Cais do Sodré.
Algumas famílias de turistas, por falta de informação, compraram bilhetes nos pontos de venda automáticos mantendo-se à espera frente às portas de acesso à gare ferroviária.
Aurélia Costa, uma outra utente que chegou ao Cais do Sodré de metropolitano e que precisava de usar o comboio para chegar ao local de trabalho diz compreender os motivos da greve mas queixa-se da falta de serviços mínimos.
"Todos têm direito à greve mas deviam ter marcado serviços mínimos", disse à Lusa Aurélia Costa, junto à gare do Cais do Sodré.
Também na estação de Santa Apolónia, os utentes saem do metropolitano diretamente para as paragens de autocarro.
As bilheteiras da CP estão fechadas e as gares estão praticamente vazias circulando apenas alguns turistas sem informação sobre a greve.
Na estação de Santa Apolónia, José Oliveira, disse à Lusa que a FECTRANS reitera os motivos da greve e que os sindicatos estão sempre abertos para negociar a situação com o governo.
Os trabalhadores pretendem a "implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado" referindo que apesar do Executivo estar "neste momento em gestão" existe possibilidade para negociar.