As confederações patronais afirmaram, após serem recebidas por Marcelo em Belém esta sexta-feira, que vão pedir uma audiência urgente ao primeiro-ministro onde querem abordar o aumento do salário mínimo nacional, que também querem discutir na Concertação Social. Perante "uma crise política" que "ninguém desejaria", esperam "um figurino suficientemente estável para fazer as reformas estruturais de que o país tanto precisa para voltar ao crescimento económico".
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"Estivemos aqui junto do senhor presidente da República a explicar a razão da nossa suspensão na Concertação Social. Aquilo que vamos fazer a partir de agora é pedir, com caráter de urgência, uma audiência ao senhor primeiro-ministro", explicou o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, acompanhado dos outros líderes das confederações empresariais: CIP, CCP e CAP.
Sobre a possibilidade de se avançar com o aumento do salário mínimo, mesmo se houver eleições, disse ser um tema que será certamente discutido com António Costa.
"Esse é um assunto que iminentemente é discutido na Concertação Social e portanto iremos falar entre nós, iremos falar com o primeiro-ministro e vamos esperar que seja agendado na Concertação Social, porque gostamos de dar o exemplo e esses temas como o salário mínimo, que são determinantes, devem ser discutidos na Concertação Social", vincou o porta-voz das restantes confederações patronais.
Já a audiência com Marcelo, segundo recordou, foi pedida na sequência da conferência de imprensa em que contestaram o anúncio da nova legislação laboral sem ter sido discutida na Concertação Social, tendo por isso tomado a posição de abandonar este espaço de debate.
"Não desejávamos esta crise política, que se veio juntar a todas as outras", destacou ainda. Mas acredita que a "situação venha a ser ultrapassada".
"Na altura esta crise política não estava anunciada", argumentam os patrões. Mas agora que está "instalada", esperam que o desenho político que será encontrado traga estabilidade suficiente para avançar com as reformas.
"Não vamos entrar em situações político-partidárias. Não podemos esquecer que estamos a sair de uma crise pandémica", referiu igualmente o porta-voz das confederações e dos patrões. Francisco Calheiros referiu, a propósito, os indicadores europeus que apontam para uma quinta vaga pandémica no inverno, quando o país já luta há ano e meio contra a covid-19. E destacou, do mesmo modo, que a crise política provocada pelo chumbo do Orçamento soma-se à dos combustíveis e das matérias primas.
As confederações patronais esperam agora que o país se aproxime novamente da Europa "para ter melhores condições para empresas e famílias".
UGT criticou "birra"
No passado dia 22, o secretário-geral da UGT acusou as confederações patronais de estarem a fazer "uma birra" ao suspenderem a sua participação na concertação social e defendeu que é tempo de alterar as leis laborais de 2012.
O presidente da República recebe também os parceiros sociais, nesta ronda de reuniões que começou às 14 horas, com uma audiência conjunta às quatro confederações patronais, CIP, CCP, CAP e CTP, que tinham pedido para ser ouvidas pelo chefe de Estado há uma semana, sobre a situação na Comissão Permanente de Concertação Social. Em seguida, recebe as centrais sindicais, a CGTP-IN e a UGT, e depois será a vez do presidente do Conselho Económico e Social (CE), Francisco Assis.