A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN) entregou, esta segunda-feira, a António Costa, as medidas que considera "urgentes" para este ano, onde se encontram uma subida salarial global de 90 euros e a redução para 35 horas de trabalho semanais no setor privado. Os dirigentes do setor social estão preocupados com a sustentabilidade económica.
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António Costa passou esta segunda-feira reunido com os parceiros sociais e, de todos, foi a CGTP-IN a que mais fez exigências à saída. A secretária-geral, Isabel Camarinha, já tinha prometido "intensificar a ação reivindicativa" e agora concretizou a promessa, entregando o caderno de medidas para 2022, que prevê uma pequena revolução no quadro laboral existente.
Entre as "medidas urgentes" da CGTP-IN estão o aumento salarial de 90 euros para todos os portugueses, o aumento do salário mínimo para 850 euros, o fim da subsidiação pública a quem pratica salários baixos, a semana de trabalho de 35 horas, 25 dias de férias, a nacionalização "das empresas e setores essenciais ao desenvolvimento do país" e a garantia de 1% do Orçamento do Estado para a Cultura.
Já a UGT destaca a convergência com o Governo na tentativa de "aproximar o peso dos salários no PIB à média da União Europeia", disse Sérgio Monte, secretário-geral adjunto, ao JN.
Redução do IRC
O Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) defendeu o inverso dos sindicatos. À saída, o porta-voz do CNCP, António Saraiva, não quis falar aos jornalistas, mas antes já tinha apresentado o documento que foi lá entregar.
O dossiê, denominado "Desafios e ambição para a legislatura", inclui dez medidas que os patrões querem ver aplicadas, como a "redução gradual do IRC e a eliminação da derrama", para além de uma administração pública "menos burocrática" e uma justiça mais rápida, sobretudo nos tribunais administrativos e fiscais. Quanto ao salário mínimo, António Saraiva já tinha pedido que não subisse "por decreto", mas antes condicionado à "evolução e robustez da economia".
As quatro entidades e confederações do setor social que foram ouvidas por António Costa saíram satisfeitas. A principal preocupação é a da "sustentabilidade das instituições", mas a questão parece estar em vias de resolução com o pacto de cooperação assinado em dezembro e que alarga os apoios às entidades do chamado terceiro setor.
Seguem-se os partidos
António Costa prossegue terça-feira com as audições pós-eleitorais, desta vez com os partidos políticos. De manhã, o primeiro-ministro reúne com o Livre, o PAN e BE. À tarde, é a vez de PCP, IL e PSD. O Chega não foi convidado pois é um partido com o qual "não há pontos de convergência", justificou Costa.
Depois das reuniões com os partidos, António Costa vai reunir com a Comissão Política Nacional do PS para avaliação da conjuntura que resultou das eleições legislativas. O nome do líder da bancada parlamentar e a proposta para presidente da Assembleia da República ainda não vão ser conhecidos hoje.