O PCP recorreu a um contingente de 70 agentes da PSP para garantir a segurança da Festa do Avante e fazer cumprir o caderno de encargos imposto pela Direção-Geral da Saúde ao evento.
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O evento esteve debaixo de fogo nas últimas semanas e até foi alvo de uma providência cautelar, rejeitada na quinta-feira pela Justiça
A rentrée comunista no Seixal, que poderá ser a última em que Jerónimo de Sousa participa enquanto líder do partido, tendo em conta o congresso eletivo em novembro, terá um formato inédito devido à covid-19 e com reforço das medidas de segurança.
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Apesar do maior policiamento, eventuais ajuntamentos no espaço serão resolvidos pelo grupo de militantes que todos os anos fazem a vigilância a custo zero. O JN apurou junto de fontes ligadas à PSP que a organização, muito antes de ser conhecido o parecer técnico da Direção-Geral da Saúde (DGS), avançou com um pedido do aumento do número de agentes. Serão 70 operacionais por dia, ao longo dos três dias da festa, pagos pelo PCP a título de gratificados.
As mesmas fontes adiantaram que a Soeiro Pereira Gomes "mostrou um enorme respeito pela Polícia e pelos seus elementos", saldando antecipadamente uma fatura que ultrapassa os 13 mil euros. A Direção Nacional da PSP não detalhou informações até ao fecho desta edição. O PCP desvalorizou o reforço policial: "o recurso a gratificados da PSP no exterior da Festa é uma prática de décadas".
Fora do radar de equipas mistas
Questionada pelo JN sobre uma eventual monitorização do cumprimento das regras de segurança do evento, que a DGS admite ter "risco real" de contágio, a autoridade de saúde apenas revelou que o plano de contingência delineado para os 30 hectares de festa "contempla a ligação com a Câmara Municipal [do Seixal], com a Proteção Civil e com as autoridades de saúde locais". O JN soube por fontes ligadas à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) que as equipas mistas - que incluem ASAE, Autoridade Tributária e Autoridade para as Condições do Trabalho que por lei visitam grandes eventos culturais como este - não têm "para já" prevista nenhuma incursão no Seixal, "porque nunca foi feito, ainda que este ano se justificasse". Nenhuma das entidades se pronunciou oficialmente sobre o caso.
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A providência cautelar interposta por um empresário ligado ao PSD para tentar travar a festa foi considerada injustificada pelo Tribunal Cível de Lisboa, mas não travou uma manifestação de protesto com cerca de 100 automobilistas, que se afirmaram "apartidários", em frente a uma das entradas da Quinta da Amora.
Esta rentrée, cuja lotação foi reduzida de 100 mil para 16 500 pessoas por decisão da DGS, abre hoje mais cedo do que o habitual, pelas 16 horas. Certo é que estará, talvez como nunca, debaixo dos holofotes políticos e mediáticos para saber se o PCP consegue, como pretende, ser um exemplo.
Líder fala pelo sistema sonoro para evitar grupos
O discurso desta sexta-feira de Jerónimo de Sousa, que inaugura a Festa do Avante e está marcado para as 19 horas, vai ser transmitido por altifalantes em todo o recinto. A medida é uma alternativa ao habitual discurso feito num palco e foi tomada "por razões de segurança sanitária", lê-se num comunicado de ontem do PCP. No entanto, tal como nos outros anos, o líder comunista irá à Festa "na sexta-feira, no sábado e no domingo", tanto no desempenho de funções como "em momentos de usufruto pessoal". Apesar disso, só sobe ao palco no comício de domingo, que se mantém no Palco 25 de Abril - o maior de todos e ao ar livre. Habitualmente, os membros do Comité Central assistem de pé, atrás do secretário-geral. Este ano, os lugares da plateia são sentados.