O secretário-geral do PCP defendeu, esta segunda-feira, que o problema do Governo "não é de nomes", mas de políticas, considerando que o primeiro-ministro deve falar das soluções para Portugal e "não perder tempo" com coisas laterais para as pessoas.
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"Nós podemos ser empurrados para esta ou para aquela questão, para esta ou para aquela saída mediática, mas aquilo que determina a vida das pessoas é exatamente isto que as pessoas estão aqui a reivindicar", ou seja, "mais salários e melhores condições de vida", disse Paulo Raimundo aos jornalistas, durante a manifestação do Dia do Trabalhador, em Lisboa.
Questionado sobre se João Galamba tem condições para continuar como ministro das Infraestruturas após a recente polémica com a exoneração do seu adjunto, o líder comunista começou por ressalvar que "o maior problema" são precisamente os baixos salários e as condições de vida.
"O problema não é de nomes, este ou aquele, o problema são as políticas e é isso que é preciso mudar e rapidamente e há aqui uma demonstração enormíssima de força, de determinação e também é esta força que vai mudar o rumo político do país", defendeu.
Sobre o silêncio do primeiro-ministro, António Costa, e as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Raimundo disse: "faço um comentário à António Costa. Não digo nada".
"Nós no sábado fizemos uma referência a isso. Mais cedo ou mais tarde vai ter que dizer alguma coisa, mas perante o que se está aqui a ver, perante esta determinação, perante estas justas reivindicações, o que era preciso é que o senhor primeiro-ministro falasse das soluções para o país e não propriamente perder tempo com coisas laterais, que são importantes, mas são laterais na vida das pessoas", referiu.
Defendendo que o "aumento geral dos salários é uma emergência nacional", o secretário-geral do PCP sublinhou que as pessoas "não estão a pedir nada de mais, estão a pedir respeito e dignidade".
"O Governo, claro que não tem feito esse trabalho. O Governo tem estado a criar todas as condições para que a injustiça se mantenha e se aprofunde", criticou, defendendo que "maio está vivo e tem força" e que "é justa a reivindicação destas pessoas" que participam na manifestação do 1.º de Maio.
O Presidente da República explicou hoje que "matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente" e por isso não lhe cabe dizer quando falaria com o primeiro-ministro sobre o caso da exoneração do adjunto do ministro das Infraestruturas.
No sábado, na Ovibeja, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar todo o caso da exoneração de Frederico Pinheiro, adjunto do ministro das Infraestruturas, João Galamba, alegando que a primeira pessoa com quem iria falar quando tivesse a informação completa sobre o caso seria com o primeiro-ministro.
No mesmo dia, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas afirmou tem condições para continuar no Governo e que reportou ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e à ministra da Justiça o roubo do computador pelo adjunto exonerado, tendo-lhe sido dito que deveria comunicar ao SIS e à PJ.