O líder parlamentar do PCP apontou ao PS incapacidade para responder à crise económica e social causada pela covid-19, acusando os socialistas de agirem de "mãos livres" desde as legislativas. João Oliveira alertou que os comunistas não estão disponíveis para serem "o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas", de quem diz não terem resposta para os atuais problemas do país.
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Perante os 600 delegados do congresso do PCP, em Loures, João Oliveira criticou o Governo socialista pelas constantes falhas que tem mostrado na gestão da crise provocada pela covid-19. Entre outras acusações, defendeu que o PS "não moveu um dedo para travar a ação dos grupos económicos que aproveitaram a epidemia como pretexto para agravar a exploração, liquidar direitos, saquear serviços públicos e acumular lucros fabulosos com o negócio da doença".
Porém, nada que surpreenda o PCP, que alertou aquando das legislativas "para os perigos que resultariam de um quadro em que o PS se visse de mãos livres para fazer a política que quisesse", disse João Oliveira, antes de o Pavilhão Paz e Amizade, onde decorre a reunião magna, fechar as portas aos jornalistas para eleger o Comité Central e o secretário-geral.
"A realidade veio dar-nos razão. O quadro político que resultou das eleições legislativas de 2019 pôs fim à nova fase da vida política nacional e deixou o PS mais liberto para concretizar as suas opções da política de direita", apontou, já após ter destacado que o mandato da gerigonça "ficará para a história", porque devido ao PCP houve "reposição de direitos que se julgava estarem definitivamente perdidos", a "melhoria das condições de vida" e ainda pela "espinha atravessada na garganta do capital".
PCP não entra na música social-democrata
Segundo João Oliveira, a gestão socialista ocorre num "tempo marcado pela incapacidade da social-democracia assegurar a resposta necessária aos problemas" e que leva ao avolumar de "indignações, descontentamentos e revolta que são pasto para a instrumentalização por PSD, CDS e outras forças reacionárias para os seus projetos antidemocráticos".
"Não seremos intérpretes ou executantes de nenhuma melodia escrita pelo capital e seus representantes reacionários, nem seremos o primeiro violino de uma orquestra dirigida por sociais-democratas", sublinhou.
Dois dias depois de o PCP ter viabilizado com a sua abstenção o Orçamento do Estado, o líder parlamentar justificou o voto frisando que foi graças aos comunistas que a proposta do Governo passou de um documento "sem correspondência com a necessária resposta global aos problemas nacionais" para passar "a incluir um aumento significativo das verbas destinadas ao reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", entre outras medidas, como a "contratação de 5000 auxiliares e técnicos para as escolas e 2500 profissionais para as forças e serviços de segurança".