Cerca de 60 pediatras do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, pediram escusa de responsabilidade. O Centro Hospitalar Lisboa Norte está a ser pressionado por ser um dos que tem a urgência de pediatria aberta 24 horas. Outros hospitais da região funcionam com limitações, por causa das minutas entregues pelos médicos.
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Ana Paula Martins, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria, adiantou à TVI que cerca de 60 médicos pediatras pediram escusa de responsabilidade, dadas as condições em que os hospitais da região de Lisboa estão a funcionar, com fortes limitações nas urgências pediátricas. O JN sabe que se trata da totalidade dos médicos internos e de uma percentagem alta de especialistas.
A recusa dos médicos em realizar mais de 150 horas extra por ano, o limite previsto por lei, está a dificultar a elaboração das escalas de novembro nas urgências de vários hospitais, tal como o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, já tinha alertado, falando num novembro "dramático". Uma das especialidades atingidas é pediatria.
"Novembro vai ser extremamente complexo, vai ser o pior mês, nestes 44 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), se nada se alterar. (...) O impacto pode ser dramático, não tenho dúvida", disse Fernando Araújo em entrevista ao jornal Público.
Em 14 urgências desta especialidade na região de Lisboa e Vale do Tejo, apenas cinco mantêm-se abertas 24 horas: Dona Estefânia, Santa Maria, Cascais, Vila Franca de Xira e Santarém. Na zona da Grande Lisboa, os constrangimentos estão a ter impacto nos grandes hospitais, que registam um aumento da afluência de doentes e o risco de ficarem sem camas. As urgências pediátricas dos hospitais Amadora-Sintra (Fernando da Fonseca) e de Loures já estão a funcionar com constrangimentos e a de Almada (Garcia de Orta) vai encerrar a partir do dia 1 entre as 20 e as 8 horas por falta de médicos.