Os líderes do PS e do PSD defrontam-se, esta segunda-feira, no último dos debates entre dirigentes partidários. O frente a frente entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, este em representação da AD, poderá ser decisivo para o desfecho das legislativas de 10 de março. Durará aproximadamente 70 minutos.
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No minuto final, o líder do PSD disse que o programa da AD prova que “é possível em Portugal ter um tecido económico mais robusto e responder aos problemas que os portugueses se confrontam", como na Saúde e na Educação.
Luís Montenegro afirmou ainda que Pedro Nuno Santos "enquanto ministro mostrou tudo menos preparação" e apelou ao voto na AD no dia 10 de março, que disse ser "decisivo".
Pedro Nuno Santos disse que, nos oito anos em que o PS governou, "nenhum pensionista teve um corte de pensões", ouvindo Montenegro a pedir-lhe que "não brinque com as palavras".
O socialista recuou aos tempos da troika para recordar que o Tribunal Constitucional "travou" alguns dos cortes. "O PSD não foi obrigado a cortar" nas pensões, disse Pedro Nuno. "Quis que esses cortes ficassem permanentes" e "gabou-se de ir além da troika". Por esse motivo, concluiu: "O PSD não tem credibilidade quando se dirige aos pensionistas".
Chegamos ao fim do debate. Obrigado por ter estado connosco.
No seu minuto final, Pedro Nuno Santos disse que o país tem de ter "orgulho" no que foi alcançado desde o 25 de abril, mas sempre com a "consciência" de que é preciso "querer mais". Puxando novamente dos seus galões e da sua imagem de fazedor, afirmou que é necessário desenvolver a economia e "não arrastar os pés", rejeitando a visão "individualista" que, no seu entender, a Direita tem para o país.
Sobre as pensões, a AD propõe a atualização anual das pensões de acordo com a lei; a atualização maior das pensões mais baixas; e um rendimento mensal mínimo de 820 euros a todos os pensionistas.
O líder do PSD disse que a proposta de aumento das pensões é uma "reconciliação".
"O SNS tem problemas e ninguém os esconde", mas "produz mais do que em 2015", diz Pedro Nuno. Avisa que as deficiências da rede pública de saúde não podem servir de mote para que se desista dela.
Defendeu que é preciso "formar mais médicos" e que o país está "a pagar hoje por decisões antigas" que limitaram a formação destes profissionais. Comprometeu-se também a criar "condições para que mais médicos possam vir para o SNS".
Pedro Nuno disse ainda que a solução do PSD assenta na "ilusão" de que há "capacidade excedentária" nos privados. Considerou que as políticas laranjas teriam como consequência "desnatar e descapitalizar o SNS", entregando "mais receita" à saúde privada e arriscando o "definhamento" do sistema. Sobre a solução social-democrata de apostar em cheques-consulta, atirou: "Quando nos colocamos nas mãos de terceiros, temos mais dificuldade em gerir os recursos públicos".
Sobre as PPP, começou por dizer que não tem "dogmas", lembrando que o SNS já trabalha com privados. Contudo, frisou que os recursos públicos devem, "em primeiro lugar", de ser investido na rede estatal. Disse que é preferível dar "autonomia" às direções hospitalares, argumentando que essa solução é "melhor" do que apostar em PPP.
Na Saúde, o líder do PSD propôs criar o gestor do doente crónico; assegurar o cumprimento dos tempos máximos de espera para cirurgias e consultas; dar ao utente um voucher para que possa procurar resposta no setor privado ou social quando o tempo máximo for ultrapassado; e garantir uma resposta de saúde familiar até ao final de 2025.
O líder do PSD acusou ainda o governo socialista de ter inaugurado 32 hospitais privados e nenhum hospital público nos últimos anos e de ter acabado com as PPP. Sobre estas últimas, Montenegro admitiu ainda o regresso das PPP em hospitais de Braga e de Loures.
Pedro Nuno provocou Montenegro, dizendo que este fica tão incomodado com o legado de Passos Coelho que nem o convidou para a convenção. O social-democrata perguntou se José Sócrates estará na campanha socialista, levando Pedro Nuno a hesitar pela primeira vez neste debate. Acabou por responder que Sócrates já não é militante socialista.
Sobre habitação, Pedro Nuno - que foi ministro dessa pasta - vincou que se trata de um "problema europeu", para o qual "não há balas de prata". Lembrou ainda que o aumento do parque público é "fundamental" mas "demora a apresentar resultados".
O socialista acusou algumas autarquias do PSD de apresentarem as casas construídas pelo Governo "como obra sua". Em concreto, mencionou Lisboa, numa crítica direta ao social-democrata Carlos Moedas
No que toca a rendas, Pedro Nuno Santos sustentou que é preciso maior "equilíbrio", visto que "não há senhorios se os inquilinos não puderem pagar".
Pedro Nuno Santos confirma que o PS não irá repor as provas de aferição nas escolas. Lembra que, entre 2011 e 2015 (os anos da troika), o PSD, então no Governo, deixou sair 28 mil professores. Também disse que defende a reposição do tempo de serviço dos professores desde "antes de saber que o Governo ia cair". Montenegro lembrou-o de que apenas tornou pública essa posição após ter saído do Executivo, levando Pedro Nuno a insistir: "A minha posição sempre foi esta".
O líder do PSD recordou que, em setembro, já tinha proposto a reposição do tempo de serviço dos professores para a valorização da carreira docente.
Montenegro disse ainda que a AD tem um plano de recuperação de aprendizagens, nomeadamente com as provas de aferição no 4.º e 6.º anos a português, matemática e a uma terceira displina rotativa.
Por fim, prometeu ainda investir no ensino profissional.
Luís Montenegro disse que a AD quer promover a habitação pública, mas aumentar a oferta do lado privado. O líder do PSD pretende que haja uma média de 50 mil casas por ano. Para isso, propõe tirar a carga burocrática, construção com IVA a 6%, promoção de parcerias público-privadas e investimento no parque público.
O líder do PSD acusou ainda Pedro Nuno Santos de falhar nas suas promessas. "Prometeu que nos 50 anos do 25 de Abril que todos os portugueses iriam ter habitação digna. Falhou. Diz que faz e não faz", disse.
Pedro Nuno Santos diz que AD quer chegar aos 1750 euros de salário médio apenas três anos após o PS. "Que grande ambição", troça. Voltando a utilizar o slogan com o qual Costa chegou à maioria absoluta - como já tinha feit9o à chegada ao local do debate -, o socialista frisou a necessidade de "continuar a avançar" nas atualizações salariais.
Sobre IRS, diz que o PSD propõe "uma aventura fiscal": alega que, a adoptar-se essa solução haverá 16,5 mil milhões de euros de "rombo nas contas públicas", ao ritmo de 5 mil milhões "em velocidade cruzeiro". Esta solução "poupa impostos a uma minoria e não à maioria da população", insiste.
Pedro Nuno acusou ainda Montenegro de estar "impreparado" para governar Portugal, o que este refutou.
Sobre a redução do IRS, Montenegro prometeu baixar as taxas até ao 8.º escalão, um IRS máximo para 15% para jovens até aos 35 anos e a isenção dos prémios de produtividade de IRS.
"continuar a avançar"
"valorizar" os trab do estado; implica negociacao
"na medicda da cap financeira
Luís Montenegro disse que pretende o salário médio de 1750 euros, mencionando um crescimento económico mais ambicioso e com uma política fiscal mais agressiva. Acusou ainda o PS de ver os impostos "apenas para arrecadar receita".
O líder do PSD prometeu ainda a atualização dos salários da Função Pública todos os anos de acordo com a taxa da inflação, além de valorizações de carreiras específicas e prémios de produtividade.
Sobre economia, Pedro Nuno diz que o "maior desafio" é selecionar "os setores e tecnologias com maior capacidade de arrastamento", de modo a estimular o crescimento. Considerou que o sistema de incentivos tem sido demasiado "fragmentado" e acusou o PSD de propor uma solução errada com um "choque fiscal": no entender do socialista, isso provocaria "um rombo nas contas públicas".
Questionado sobre o futuro crescimento económico, Montenegro disse que prevê que a economia portuguesa cresca 3,4% em 2028 através de reformas estruturais, uma nova política fiscal e medidas direcionadas ao aumento da produtividade. Questionado sobre se essa meta não é "demasiado otimista", o líder do PSD garantiu que é uma ambição "legítima" e "exequível", embora o caminho seja "exigente".
Montenegro acusou ainda o PS de "baixar os braços". "Não confia sequer no que andou a fazer nos oito anos”, disse.
Questionado sobre o novo aeroporto, o líder do PS não assumiu se há ou não consenso e disse que veio “salvar Pedro Nuno Santos e o PS de uma trapalhada em que se envolveram”.
Pedro Nuno Santos puxa dos galões de político fazedor, procurando estabelecer um contraste com Montenegro. Ao social-democrata, o socialista atira: "Nunca teve experiência governativa. Não sabe a dificuldade que é decidir e governar". Montenegro responde dizendo que Pedro Nuno decidiu sempre "mal".
Ao ataque, Pedro Nuno diz que Montenegro "continua a fugir" quando lhe perguntam o que fará se o PS ganhar as eleições. No entender do socialista, este é um assunto "tabu" para o líder do PSD. Montenegro ainda não respondeu diretamente a essa questão.
Pedro Nuno faz uma revelação: garante que, se o PS perder, "não apresentará uma moção de rejeição, nem viabilizará uma moção de rejeição se houver uma vitória da AD". Também acusou o PSD de "incapacidade de liderar a Direita" e de não conseguir evitar a "grande bagunça" que diz viver-se nesse campo político.
O líder do PSD disse que pretende introduzir três conselhos de ministros temáticos, que reunirão uma vez por mês, para discutir os assuntos económicos, a transição climática e a transição digital.
Luís Montenegro adimitiu que é difícil alcançar a maioria absoluta, mas garantiu que vai governar em maioria relativa, prometendo negociar com todos os partidos.
Pedro Nuno Santos deixou o "lamento" de que a manifestação de polícias tenha sido "deslocada" do Terreiro do Paço para o Capitólio. Frisando que respeita o direito ao protesto, acrescentou que também é necessário saber respeitar o direito "ao debate político democrático". "Não se negoceia sob coação", vincou, abrindo, no entanto, a porta à negociação com as forças de segurança.
À chegada ao Capitólio, Pedro Nuno Santos, antecipou que o debate vai ser "definidor da sociedade portuguesa". O socialista defendeu que o seu partido "tem resultados para apresentar" ao nível da governação, tendo frisado que "a economia cresceu, os salários aumentaram, as pensões também aumentaram".
Ainda assim, reconheceu que nem tudo está bem. Dito isto, vincou a necessidade de "continuar a avançar", recuperando o slogan da campanha de 2022, que deu a maioria absoluta ao PS e a António Costa.
Questionado sobre o protesto das forças de segurança a acontecer às portas do Capitólio, Luís Montenegro comprometeu-se a iniciar um processo negocial com as forças de segurança. "Nós concordamos com a reivindicação que as forças de segurança têm relativamente a uma injustiça criada por este governo", afirmou.
Luís Montenegro é "muito relevante e importante para esclarecer os portugueses sobre os propósitos" das candidaturas da Aliança Democrática e do PS, "que verdadeiramente disputam a liderança do próximo governo".
"Teremos ocasião de trocar argumentos e dar aos portugueses todos os instrumentos necessários para tomarem uma opção. Essa opção marcará não só os próximos quatro anos do país mas aquilo que nós ambicionamos ser nas próximas décadas", salientou.
Boa noite. O JN vai acompanhar o debate entre Pedro Nuno Santos, do PS, e Luís Montenegro, do PSD e em representação da Aliança Democrática (AD). Terá início dentro de alguns minutos, pelas 20.30 horas.
Muitos dos polícias que participavam na concentração desta segunda-feira na Praça do Comércio, em Lisboa, estão a dirigir-se para o Cineteatro Capitólio, onde vai decorrer o debate eleitoral entre os líderes do PS e do PSD. Os elementos da PSP e da GNR estão a ocupar toda a largura da Rua da Prata, na baixa lisboeta, sem que antes tivesse sido cortado o trânsito.
No trajeto, os manifestantes assobiam e gritam "Polícia unida jamais será vencida". O protesto foi marcado nas redes sociais pelo 'movimento Inop' e não tem a participação da plataforma que congrega sindicatos da PSP e associações da GNR.