O ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou que a manutenção do hub da TAP em Lisboa é “uma falsa questão”, argumentando que essa exigência pode influenciar o preço de compra da companhia área. As declarações surgiram depois de Costa garantir que a privatização só avança se o hub for assegurado.
Corpo do artigo
No seu habitual espaço de comentário de segunda-feira à noite na SIC Notícias, Pedro Nuno Santos referiu que o hub da TAP é precisamente o que importa às companhias aéreas interessadas em adquirir a companhia. E argumentou que, ao se “colocar essa exigência”, o “comprador aproveitará logo para dizer 'bom, com essa exigência são menos 200 milhões de euros no preço'”, disse.
"É por causa do hub de Lisboa que permite a ligação entre a Europa e o continente sul-americano, entre Brasil e Portugal e Europa, ou entre a Europa, Portugal e vários países da Costa Ocidental Africana. É esse o grande interesse da Lufthansa ou da Air France-KML na TAP", acrescentou o ex-ministro.
Estas declarações surgiram depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter garantido, no Parlamento, esta segunda-feira, que a privatização da companhia aérea só avança se o hub de Lisboa e a “função estratégica” da transportadora forem garantidos.
Para Pedro Nuno Santos, o Estado vai deixar de ter um papel ativo na TAP se perder a maioria de capital da transportadora. "Acompanhamento pode haver, mas intervenção na empresa não vai haver. Quem vai ter a maioria do capital vai mandar na TAP. Não há contrato, não há parassocial que salve isso", referiu, defendendo que o Estado deve manter uma posição maioritária na companhia.
Veto de Marcelo "não é bonito", dúvidas deviam ser vistas em privado
Também o veto do presidente da República sobre a privatização da TAP mereceu o comentário de Pedro Nuno Santos que considerou “legítimas” as dúvidas de Marcelo. No entanto, o ex-ministro de António Costa considera que a devolução do diploma ““parece mais um episódio da relação tensa entre o presidente da República e o Governo”.
No seu entender, o chefe de Estado deveria ter insistido mais com o Governo para obter esclarecimentos adicionais sobre as questões da privatização da companhia e “em privado na relação normal entre Belém e São Bento”. “O Governo preferiria fazer a clarificação na relação normal com o presidente da República e não nestas condições”, notou.
“Este ‘veto’ não fica limitado às nossas fronteiras, é visto por potenciais compradores [da TAP]. Não é um problema político enorme, mas obviamente que não é bonito” disse.