Aulas arrancaram nesta segunda-feira com o primeiro de 18 dias de greves por distritos. No Porto, exigiu-se respeito pela profissão.
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Resguardados à sombra, os professores acorreram, esta segunda-feira, à Praça D. João I, no Porto, para exigirem respeito. A valorização da carreira. Na convicção de que vão até ao fim, mesmo que tal signifique prolongar a luta ao próximo ano letivo, como admitiu o secretário-geral da Fenprof no primeiro dia de greve distrital, que ruma hoje a Viseu.
Professor há 23 anos, deslocado de Coimbra a lecionar Educação Física na Trofa, Paulo Zananar não desarma. "Não só pelo tempo de serviço, mas por melhores condições de vida, pela mobilidade por doença, por mais técnicos nas escolas", diz ao JN o docente de 50 anos de idade. Do Ministério, critica a estratégia de "dividir para reinar" e de uma "mão cheia de nada" no final das reuniões.
Por isso, Paulo Zananar vai "lutar até ao fim". Ele que, recordando as manifestações em que participou aquando da tutela de Maria de Lurdes Rodrigues, "nunca" viu uma "união tão grande dos professores". E a palavra de ordem é mesmo essa: "Não paramos".
Lutar até ao fim
Ao JN, Mário Nogueira é perentório: "A luta não pode parar. Vamos até onde for preciso. Enquanto os professores não forem respeitados na sua carreira a luta não pára". Nem que para tal seja necessário prolongar as paralisações: "Se chegarmos ao final e as coisas se mantiverem como estão agora, evidentemente que vamos continuar, para além das greves distritais ainda neste ano letivo e depois no próximo e nos próximos, o que for necessário", frisou.
O balanço do primeiro de 18 dias de greves distritais ainda ia ser feito mas, ao início da tarde, a presidente do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) falava em "muitas escolas paralisadas". A greve por distritos, explique-se, decorre a partir do meio-dia até ao próximo dia 12, em Lisboa.
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Expectante da decisão do presidente da República, a quem apela a que não promulgue o diploma de concursos, Júlia Azevedo reitera a necessidade de "reposicionar o tempo de serviço para todos e retirar quotas e vagas para todos". Para a presidente do SIPE, o Governo não pode "resolver a falta de professores à custa da vida dos professores".
É o caso de Alice Sousa, professora na Secundária do Castêlo da Maia. Leciona há 29 anos e sente que, "progressivamente, as coisas estão mais difíceis". Não escondendo o desalento: "Cada vez me sinto menos valorizada por mais que faça e me esforce. Estamos no nosso limite".