Professores pedem "escusa de responsabilidade" nas provas de aferição digitais
Há professores que estão a entregar declarações de "escusa de responsabilidade" devido às dificuldades que se anteveem na realização das provas de aferição do ensino básico em formato digital, agendadas para maio e junho.
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A iniciativa de enviar declarações de "escusa de responsabilidade" foi divulgada pelo professor Paulo Guinote, autor do blogue "O Meu Quintal". Consiste em declarar, ao diretor de agrupamento, que não estão reunidas "as condições indispensáveis para que essas provas decorram com normalidade".
Na base das críticas está a obrigatoriedade de realização das provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade, agendadas para maio e junho, em formato digital. Paulo Guinote explica que as críticas se devem a motivos ordem técnica, nomeadamente "em relação à qualidade dos equipamentos e do acesso à banda larga", mas também por causa da provável iliteracia digital dos estudantes. Exemplifica com o caso dos alunos do 2.º ano, que têm sete anos de idade, e ainda estão a aprender a escrever a lápis.
A lei concede aos diretores de agrupamento a faculdade de recusarem as provas de aferição, mas apenas mediante uma justificação válida. Estas provas, recorde-se, não contam para nota final e são, para Paulo Guinote, uma "perturbação inútil e indesejada".
Por isso, o docente apela aos diretores para que se recusem a receber as provas: "Não adianta andarem diretoras em off a queixar-se dos problemas logísticos que vão ter de enfrentar se em on se calam ou não têm coragem para agir".
Caso os diretores não se recusem a receber as provas, professores como Paulo Guinote e Alberto Veronesi (autor do blogue Vozprof) entregarão declarações de "escusa de responsabilidade" em que rejeitam "qualquer responsabilidade pelas previsíveis dificuldades, incidentes ou resultados abaixo do desejado que possam verificar-se na sequência da realização das referidas provas".
Ao presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, não chegou, até esta sexta-feira, informação sobre diretores que tenham anunciado a recusa de realização das provas.