Lurdes Peres e a família cumpriram, este sábado, a tradicional visita anual ao Santuário de Fátima. Mas, desta vez, evitaram o 13 de maio para "fugir à confusão". "Ainda não nos atrevemos a vir numa grande peregrinação", alega a mulher, residente no Porto, que esteve na Cova da Iria com a filha e os pais.
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"Não vim pedir, mas agradecer. Dar graças por estamos bem, com saúde e em paz. Infelizmente, tantos outros não podem dizer o mesmo", constata Lurdes Peres, com o pensamento na guerra da Ucrânia.
Foi também em agradecimento que Isabel Girão, de 56 anos, cumpriu a sua 20.ª peregrinação a pé a Fátima, mas em moldes diferentes de outros anos. Em vez de ir em grupo, caminhou só com o marido e antecipou a viagem em duas semanas. "Vim agora porque, por ocasião do dia 13, terei de ficar com a minha neta, mas também porque ainda não me sinto suficientemente confiante em ambientes com muita gente", conta a mulher, residente em Formoselha, no concelho de Montemor-o-Velho.
Também da zona de Coimbra, Fátima Carvalho, de 62 anos, esteve, este sábado, na Cova da Iria, com um grupo de amigas. Elas já não virão no dia 13, mas Fátima ainda está a ponderar. "Nunca assisti a uma procissão das velas. Se calhar, será este ano", admite a mulher, para quem peregrinar a este santuário mariano "é sempre uma emoção". "Sinto-me tão feliz aqui, que não apetece ir embora".
Lojistas com otimismo moderado
Entre os comerciantes da Cova da Iria as expectativas dividem-se. Enquanto Bruno Marques, dono de uma loja de artigos religiosos, acredita que este 13 de maio será "bom" para o negócio, "quase ao nível de 2019", Luís Lopes e Humberto Gonçalves estão mais pessimistas. Dizem que "muita gente não significa negócio" e que, com o aumento do custo de vida, "as pessoas cortam em certas despesas".
Estes dois lojistas admitem também que, apesar de não existirem restrições, haverá pessoas que não virão a Fátima por "ainda não se sentirem confiantes com ambientes de multidão".
"Não será destas que teremos um 13 de maio como estávamos habituados", antevê Luís Lopes.
Na última quinta-feira, em declarações aos jornalistas no final da Jornada de Comunicação do Santuário de Fátima, o reitor da instituição expressava a "expectativa de uma grande peregrinação", mas admitia que não deverão ser atingidos os números anteriores à pandemia
"A retoma vai ser progressiva" porque "há muitos medos a vencer" e "muitos peregrinos" procuram ir àquele santuário mariano "antes ou depois da peregrinação", realçou o padre Carlos Cabecinhas, citado pela agência Ecclesia.