A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou esta sexta-feira os vários pareceres que sustentaram a "luz verde" da autoridade de saúde para a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos.
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O grupo de peritos, constituído por vários profissionais de saúde na área da pediatria, destaca os "efeitos benéficos para a saúde mental da criança decorrentes de ser vacinada", já que não sofrerá os "efeitos negativos" associados a períodos de confinamento, a não ser que esteja infetada.
Além disso, mantém-se o principal propósito da vacinação: a "experiência (...) noutros grupos etários mostra que são muito efetivas [vacinas] na proteção contra doença grave e que reduzem a infeção ligeira e assintomática" e, por isso, a transmissão.
Os especialistas reconhecem que o número de casos atribuídos a esta faixa etária pode dever-se "à maior transmissibilidade da variante delta e à cobertura vacinal crescente dos adultos".
No entanto, o grupo reforça que a covid-19 causa, na maioria das situações, doença ligeira ou mesmo assintomáticas nos menores. "O risco de covid-19 grave (hospitalização e morte) é muito baixo e maioritariamente em crianças com fatores de risco", explicam.
Monitorização e vigilância apertada
A aprovação da vacinação nos mais novos vai exigir, no entender dos peritos, "uma vigilância apertada com a utilização em larga escala" da vacina, assim como monitorizar se a dose mais pequena e os intervalos entre doses mais alargados reduzem o risco de efeitos adversos.
Quanto à ocorrência demiocardite/pericardite, associadas como efeitos adversos das vacinas mRNA em adolescentes, é esclarecido "que são raros e parecem ter evolução favorável a curto prazo".
Entre as várias recomendações dadas à Comissão Técnica de Vacinação, os profissionais de saúde afirmam que "seria importante" conhecer "a seroprevalência da infeção neste grupo etário em Portugal" e "o impacto do programa de vacinação dos 12 aos 15 anos".
Aguardar por mais evidência
Para os peritos, a vacinação dos adultos continua a ser prioritária, assim como dos grupos de risco, onde se incluem as crianças dos 5 aos 11 anos. "Poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário", lê-se no documento divulgado pela DGS.
O parecer deste grupo de trabalho, elaborado a 2 de dezembro, e dado posteriormente à Comissão Técnica de Vacinação (CTV), foi solicitado nos últimos dias por vários partidos políticos e pela Ordem dos Médicos.
António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, revelou esta sexta-feira em conferência de Imprensa que seria revelados o parecer da CTV, assim como os documentos de suporte.
Na mesma comunicação, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, disse que verificou uma "necessidade social em conhecer o parecer". "Está disponível tal como o recebi", acrescentou.
Pode ler o documento completo da DGS aqui.