Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, recomenda que os autotestes à covid-19 passem a ser sempre gratuitos, como forma de promover a "autoavaliação de risco" dos portugueses. A especialista propõe também a redução das restrições, voltando a endurecê-las apenas se o país chegar aos 179 internados em cuidados intensivos.
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Na reunião do Infarmed, esta quarta-feira, Raquel Duarte sugeriu que se estimule "a autonomia da população" no que toca à prevenção da pandemia, nomeadamente passando a dar mais espaço à "autoavaliação do risco".
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Para tal, a especialista defendeu que os autotestes passem a ser "acessíveis e gratuitos", facilitando-se a validação destes por profissionais de saúde, tanto de forma presencial como remota. A população também deverá ser sensibilizada para os comportamentos a adotar em caso de teste positivo.
Caso o Governo adote a proposta de Raquel Duarte, a autoavaliação do risco tornar-se-á o sétimo pilar da estratégia de contenção da covid-19. Os restantes seis são a vacinação, a promoção da qualidade do ar interior, o distanciamento, o uso de máscara, a testagem e a higienização das mãos.
"Monitorizar" sobrecarga nos hospitais
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Raquel Duarte argumentou que, embora o impacto hospitalar da variante ómicron seja "reduzido", é necessário continuar "atento" à sobrecarga dos serviços de saúde. Assim, propõe uma "redução das medidas restritivas" - mantendo regras de proteção individual como o uso de máscara -, mas introduzindo um "sinal de alerta".
Este deve ter como referência a linha vermelha dos 255 internados em unidades de cuidados intensivos (UCI), de forma a "monitorizar" a gravidade da doença e o "esforço" dos serviços de saúde".
Deste modo, "propõe-se que, se for atingida a fasquia dos 70%, dessa referência - ou seja, 179 internamentos em UCI (calculando-se a média a cinco dias) e um R(t) superior a 1 -, sejam aplicadas medidas" mais contundentes.
Entre essas medidas estão a reintrodução do teletrabalho "sempre que possível", a testagem regular dos funcionários que continuem a trabalhar presencialmente ou a promoção de horários desfasados. Na restauração, eventos e transportes, a lotação deverá ser diminuída.