Um grupo composto por mais de 200 cidadãos com ligação a várias áreas sociopolíticas e culturais criou a Associação Círculo de Estudos do Centralismo (ACEC) para fomentar estudos e investigação sobre a organização político-administrativa de Portugal, onde se incluem temas como a descentralização e a regionalização.
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A escolha da sede no município raiano de Miranda do Douro "é simbolicamente a representação de todo o Interior de Portugal", justifica o presidente da ACEC, Sebastião Feyo de Azevedo, antigo reitor da Universidade do Porto e atual presidente da Assembleia Municipal do Porto. O presidente da Assembleia Geral da ACEC é o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, Miguel Cadilhe, e o vice-presidente da Direção é Óscar Afonso, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
O presidente da Direção explicou ao JN que a ACEC pretende ser "uma espécie de think thank que promova estudos razoavelmente sólidos que ajudem a tomar decisões fundamentadas", aprofundando "a história do centralismo, as suas causas e os seus efeitos".
Assimetrias "notórias"
Segundo Sebastião Feyo de Azevedo, "as pessoas percebem e sentem que há assimetrias regionais que são iniludíveis e notórias. O país está a ficar desumanizado com este escapar de pessoas que viviam noutros locais" do Interior. Ainda assim, esclarece o presidente, a ACEC "não tem posição vincada assumida" sobre temas como a regionalização, pois "apelará sempre à reflexão plural na procura de caminhos do futuro para servir Portugal". Ou seja, não há ideias pré-concebidas a não ser a "necessidade de mudanças políticas no sentido de haver mais autonomia" dos territórios.
Como parte integrante da ACEC vai ser criada uma biblioteca do centralismo e desenvolvimento que terá sede física em Miranda do Douro, mas estará disponível pelos meios virtuais para consulta à distância.
O arranque da ACEC foi formalizado com 14 sócios honorários e 230 efetivos, entre personalidades ligadas à Cultura, Ensino Superior, empresários, empreendedores e instituições onde se incluem "pessoas que são favoráveis e pessoas que não são favoráveis à regionalização", diz.
A Câmara Municipal de Miranda do Douro é um dos membros fundadores e diz-se comprometida "com esta iniciativa da sociedade civil" que tem "muito mérito" e é "aberta ao país".
Até ao final do mês, a Direção da ACEC pretende criar um colégio consultivo composto por 17 personalidades reconhecidas da sociedade civil. Além disso, vai dar início à criação de uma listagem de temas para, posteriormente, se abrirem programas de investigação e bolsas de estudo centradas nos temas escolhidos, numa ligação entre academias e sociedade.