Pedro, Ana e Raul são exemplos de ambição e determinação para ingressar nas fileiras das Forças Armadas.
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O fascínio pela aviação faz parte da vida de Pedro Lebreiro, 21 anos, desde tenra idade. Natural do Funchal, habituou-se cedo às viagens entre a ilha da Madeira e o continente. Já o “gosto pela vida militar” surgiu quando começou a frequentar o Colégio Militar, que o levou até à Academia da Força Aérea em Sintra, em 2021, para frequentar o curso de Ciências Militares Aeronáuticas. O objetivo é claro: “exercer funções como piloto aviador na Força Aérea”, e aliar as duas paixões: a “carreira militar” e a “aviação”, enfatiza. Faltam três anos para concretizar essa intenção.
O último vai ser cumprido em Beja para colocar em prática os conhecimentos adquiridos de pilotagem. E na sua cabeça não há lugar nem espaço para olhar para trás. “Já não há nada que desconheça em relação à condição militar e já tive bastante tempo para estar confiante na decisão que tomei”, afirma, reconhecendo que as “avaliações médicas” foram o mais difícil de suportar durante as provas de seleção. “São as únicas que estão fora do nosso alcance, devido a condições que possam surgir e que impossibilitem seguir este caminho”, explica.
Para o jovem, fazer parte das Forças Armadas é assumir “um papel ativo para ajudar e servir o país a caminhar sempre num caminho melhor”. E aos futuros candidatos deixa uma mensagem: “São precisos cada vez mais jovens com mentalidades altruístas que queiram ser úteis e que façam valer-se a si próprios. Que queiram fazer a diferença e ter vidas de serviço”, ressalva.
Ensinamentos e valores
Da turma do Secundário, Ana Maria Vitorino, 24 anos, era a única com a intenção de optar por uma carreira militar. Conseguiu-o em 2023 quando entrou no Curso de Formação de Oficiais, na Escola das Armas em Mafra. Antes, ainda completou a licenciatura de Comunicação Social, no Instituto Politécnico de Setúbal, sempre com o objetivo de fazer parte das fileiras do Exército na mente.
Neste momento, aguarda colocação na sua área de formação. “Vou integrar o gabinete de comunicação do chefe do Estado-Maior do Exército, onde vou exercer funções na área da comunicação social”, conta ao JN.
E essa possibilidade pesou na hora de decidir entrar no Exército. “Sempre fui uma pessoa bastante ativa e o facto de conjugar a minha atividade física com o trabalho, é um dos pontos positivos desta instituição”, identifica. Cumpriu com sucesso os testes psicotécnicos, médicos e físicos, onde fez “12 minutos de corrida, uma prova de abdominais e de flexões”, detalha.
E não foi a entorse, em 2022, que a fez mudar de ideias. “Nunca me passou pela cabeça desistir do Exército. A instituição ajudou-me sempre na recuperação, no apoio hospitalar e a minha cadeia de comandos sempre demonstrou a preocupação em saber sobre o meu bem-estar”, refere.
Já quando é questionada sobre se considera que essa preocupação e atenção também chega por parte de quem dirige o país, Ana Maria Vitorino concorda que as Forças Armadas mereciam mais atenção. Não sente que são “desvalorizadas” mas, sublinha, que “às vezes eram necessários um bocadinho mais de apoios”. “O Exército é uma instituição que tem ensinamentos e valores, é uma oportunidade de conseguir representar o país”, preconiza para futuros aspirantes do Exército.
Pé firme e não desistir
Por sua vez, a entrada de Raul Batista, 34 anos, na Escola das Armas de Mafra não é recente. Ali chegou em 2015, motivado a seguir os passos do avô que também foi militar no Exército. Mas o caminho não foi fácil. Como tantos outros, o seu contrato na categoria de Praça terminou em 2021 e foi obrigado a encontrar outras soluções. “Se tivesse a oportunidade de continuar nunca tinha saído”, confessa, ao mesmo tempo que revela ter fresco na memória o dia da recruta, em Vendas Novas, e do assentamento, em Mafra.
O resto da história é de verdadeira resiliência. Raul Batista ficou como assistente operacional na Escola das Armas à espera da sua oportunidade. “Estive ligado à manutenção, reparo e ao restauro da parte militar do convento”, diz. Pelo meio, frequentou um curso de alvenaria (construção) e canalização, tirou a carta de condução e ainda ingressou na Universidade Aberta, onde concluiu uma licenciatura de História.
A porta do Exército abriu-se este ano quando entrou no 1.º Curso Especial de Formação de Oficiais. Em breve, espera entrar nos quadros permanentes. “Mantive o meu pé firme e cá estou outra vez a vestir a farda”, diz.