Portugal é mesmo um país mais inseguro como sugeriu Passos Coelho? Nem por isso
Passos Coelho apareceu no comício da AD, em Faro, e inflamou a campanha ao trazer para cima da mesa o tema da imigração. De acordo com as declarações do antigo líder do PSD, o país está mais inseguro e, para isso, está a contribuir o aumento de imigrantes. Mas será mesmo assim?
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"Nós precisamos de ter um país aberto à imigração, mas cuidado que precisamos também de ter um país seguro". Esta é uma das frases de Passos Coelho que está a gerar polémica e reações de vários partidos. Na verdade, Passos apenas reafirmou a mesma ideia que tinha dito em 2016, na Festa do Pontal, no Algarve, quando ainda liderava o PSD. Agora, nos claustros da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, acrescentou que o “Governo fez ouvidos moucos” dessas declarações, e, por consequência, “as pessoas sentem uma insegurança que é resultado da falta de investimento e de prioridade que se deu a essas matérias. Não é um acaso”, considerou.
Mas será que é mesmo assim? Vejamos. De acordo com o último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), de 2022, verifica-se que há uma tendência descendente dos crimes graves e violentos em comparação com 2019, ano pré-pandemia (uma descida de 7,8%). Contundo, em 2022 a criminalidade geral aumentou 14,1%, com mais 42.451 participações relativamente a 2021. Já a criminalidade violenta e grave teve, no mesmo período, um aumento de 14,4% face a 2021. No entanto, os anos de 2020 e 2021 ficaram marcados pela pandemia de covid-19, tendo sido influenciados por medidas restritivas pelo que as comparações são habitualmente feitas com o ano de 2019.