Aumento do número de imigrantes compensa agravamento do saldo natural. Em 2021, éramos 10,4 milhões, mais 26,8 mil
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Pelo terceiro ano consecutivo, a população residente em Portugal volta a aumentar por via do crescimento do saldo migratório, com mais imigrantes do que emigrantes. Somos agora, estima nesta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), 10.421.117, mais 26.820 residentes do que em 2020. Mais uma vez, as migrações compensam um contínuo agravamento do saldo natural: em 2021, registaram-se 124.802 óbitos e apenas 79.582 nascimentos. Mesmo assim, na última década o país perdeu quase 138 mil pessoas, agravando a sua pirâmide etária, que continua a estreitar na base e a alargar no topo. Agora, temos 181,3 idosos por cada 100 jovens e a população em idade ativa baixou para 63,3%.
Analisando a população residente, as Estatísticas Demográficas do INE confirmam que o acréscimo populacional fez-se por via de um saldo migratório positivo de +72.040: no ano em análise, contaram-se 97.119 imigrantes permanentes, contra 25.079 emigrantes permanentes. Em terreno negativo, e agravando-se, continuou o saldo natural: -45.220. Num ano em que os óbitos aumentaram 1,1%, para perto dos 125 mil; e em que os nascimentos ficaram historicamente abaixo dos 80 mil, numa quebra de 5,9% face a 2020 e que refletem, como já explicado pelos demógrafos, um adiamento de projetos de maternidades dada a incerteza na altura provocada pela pandemia.
Envelhecimento imparável
Olhando, agora, a um período a dez anos, e como já demonstrado pelos Censos 2021, entre 2011-2021 Portugal perdeu quase 138 mil residentes. Sendo que até 2018 verificaram-se sempre decréscimos porque o saldo migratório ou fechou negativo ou foi insuficiente para compensar o saldo natural. De 2019 em diante, o cenário inverte-se, por via das migrações internacionais. Incapazes, no entanto, de travar a tendência de envelhecimento do país: se, em 2011, tínhamos 128 idosos por cada 100 jovens, agora chegamos aos 181,3. Com a população até aos 14 anos a responder por 13% do total, menos dois pontos percentuais face a 2011; e a população em idade ativa (15-64 anos) a cair 2,5 pontos, para os 63,3%. Mesmo assim, a beneficiar do facto de 69,1% dos imigrantes permanentes serem pessoas em idade ativa.
De destacar, ainda, o que os dados da natalidade nos dizem: a idade média da mulher ao nascimento do primeiro filho aumentou para os 30,4 anos, quando há dez anos estava nos 28,4 anos. É, assim, a sexta mais alta da União Europeia, com Espanha e Itália em máximos de 31,6 anos (dados Pordata). Analisando o Índice Sintético de Fecundidade, verifica-se que se fixou nos 1,35 filhos por mulher, depois de ter atingido um mínimo histórico de 1,21 em 2013, quando o país vivia os anos da troika. De acordo com o INE, é o quinto índice mais baixo da União Europeia.
Mais de 54 mil aquisições de nacionalidade
No ano em análise, quase 25 mil estrangeiros residentes em Portugal adquiriram a nacionalidade portuguesa, numa quebra de 23,7% face a 2020. Sendo que a maioria obteve a nacionalidade por naturalização (74,7%), seguindo-se o "casamento ou união de facto há mais de três anos com cidadão português" (16,6%). Já a aquisição de nacionalidade por estrangeiros não residentes em Portugal continuou a aumentar, ultrapassando as 30 mil. Deste total, 77,1% (23.143) obtiveram a nacionalidade por serem descendentes de judeus sefarditas portugueses.