Um relatório de uma organização não-governamental (ONG) indicou esta quarta-feira que a União Europeia (UE) desempenha um "papel fundamental como fornecedor e comerciante no comércio global de tubarões", com algumas espécies ameaçadas de extinção. Portugal é um dos principais exportadores mundiais de barbatanas de tubarão.
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Um dos principais exportadores mundiais de barbatanas de tubarão é Espanha, seguido de Portugal, Holanda e França, de acordo com o relatório do Fundo Internacional para o Bem-Estar dos Animais (IFAW), que analisou dados das alfândegas de Hong Kong, Singapura e Taiwan relativos às "importações e exportações de barbatanas e carne de tubarão de 2003 a 2020".
Naquele período, um "total de 188 368 toneladas de barbatanas de tubarão foram importadas" para Hong Kong, Singapura e Taiwan, indicou a ONG.
Em 2020, Estados-membros da UE foram a fonte de 45% destes produtos importados para estas três áreas.
"A UE é responsável por quase um terço destas importações (28% em média, 53 407 toneladas) e a participação nas importações de barbatanas aumentou significativamente a partir de 2017, atingindo 45% em 2020", acrescentou.
A ONG sublinhou que "mais de 50% das espécies de tubarões estão ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção, e os tubarões pelágicos [espécies de tubarões que vivem em alto mar] viram as suas populações diminuir mais de 70% em apenas 50 anos".
A UE deve "assegurar a exatidão dos registos comerciais" e deve impor critérios de sustentabilidade ao comércio de tubarões, listando as espécies comercializadas no anexo II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), permitindo um estreito acompanhamento desse comércio, exigiu a coautora do relatório Barbara Slee.
"Assumir tal papel de liderança vai encorajar outros a fazer o mesmo, o que vai contribuir para um futuro melhor e sustentável para os tubarões", referiu.
O coautor do documento Stan Shea de Bloom salientou, por sua vez, que apesar de "o fardo da mudança" ser habitualmente colocado nos países consumidores, sobretudo na Ásia, "todos os países com frotas de pesca (...) que comercializam produtos de tubarão têm responsabilidade".