Portugal quer juntar sete países para discutir o Atlântico e o futuro da Europa
Portugal vai sentar à mesa, pela primeira vez, esta terça-feira, no Porto, representantes de um grupo de países europeus atlânticos para discutir "os temas que interessam àqueles que são banhados pelo Atlântico", bem como o futuro da Europa, adiantou, ao JN, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes.
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Os ministros ou secretários de Estado dos Assuntos Europeus de Portugal, Espanha, França, Bélgica, Países Baixos, Dinamarca e Irlanda vão estar reunidos, esta terça-feira, na Câmara Municipal do Porto, para discutir temas em comum desde a exploração sustentável dos oceanos e a economia azul ao futuro da Europa e as condições necessárias para o alargamento da Europa a partir de uma perspetiva "mais atlântica".
Estes são os sete estados-membros da União Europeia (UE) que integram, por agora, este "Grupo Atlântico", os mesmos que reuniram inicialmente, à margem do Conselho Europeu de dezembro de 2021, em Bruxelas, com o objetivo de o concretizar. "Eventualmente, pode vir a abranger também a Alemanha e a Suécia que, de alguma forma, também são banhados pelo Atlântico", explicou. Os representantes irão ainda visitar o Navio-Escola Sagres, de momento atracado na Ribeira do Porto.
"Consideramos que faz falta uma lógica de união e de partilha de pontos de vista entre os estados membros da fachada ocidental da UE, sobretudo nos tempos que estamos a viver, porque, por razões que naturalmente são compreensíveis, tem havido nos últimos tempos um grande pendor para leste, não só com o grande alargamento de 2004, em que aderiram à União Europeia estados membros do leste da Europa, e agora sobretudo por causa do conflito na Ucrânia", apontou Tiago Antunes.
Potencial dos mares e alargamento
O secretário de Estado sublinha que o encontro, organizado por iniciativa de Portugal, terá uma primeira sessão de trabalho cujo objetivo será "olhar para fora" e discutir questões ligadas à governação dos mares e as potencialidades que oferecem a nível da produção e transporte de energia, mas também da economia sustentável. Já numa outra parte do encontro, estará em cima da mesa a expansão da UE a outros países.
"Antes de procedermos a um alargamento, temos de nos preparar para isso e criar as condições para poder acolher esses novos estados membros porque é muito diferente funcionar a 27, como estamos hoje, ou funcionar potencialmente com 35 estados membros, quer no plano das implicações financeiras quer para o orçamento da UE", advertiu.
Enquanto grupo regional, que será futuramente formalizado, os representantes dos sete países esperam vir a institucionalizar estes encontros para discutir, com regularidade, os temas de interesse em comum, consoante a atualidade europeia, e procurar pontos de vista partilhados para suscitar nas discussões na União Europeia, revela Tiago Antunes.
Na sexta-feira e no sábado, 26 e 27 de maio, realiza-se ainda o Fórum Social do Porto dedicado aos direitos sociais para dar continuidade aos compromissos assumidos há dois anos na Cimeira do Porto enquanto Portugal esteve à frente da Presidência do Conselho da União Europeia.