Medicamentos contra VIH e malária ainda não demonstraram eficácia, mas estão a ser adquiridos. Autorizados três pedidos para uso de antiviral do ébola.
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O Infarmed está a adquirir mais fármacos para o VIH e para a malária, cuja utilização tem vindo a ser alargada a doentes Covid-19. O objetivo é que estes medicamentos não faltem nos hospitais ainda que, até agora, nenhum deles tenha eficácia comprovada no tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus.
A hidroxicloroquina (malária) e o lopinavir + ritonavir (VIH) são medicamentos que já têm Autorização de Introdução no Mercado em Portugal para o tratamento das respetivas doenças.
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O que está agora em causa é uma utilização "off-label", ou seja, para uma indicação terapêutica diferente daquela que consta na bula. Esta decisão é tomada pelo médico, com o consentimento informado do doente, e não requer autorização especial da autoridade do medicamento.
Em resposta ao JN, sobre a hidroxicloroquina, o Infarmed informou que "no âmbito do tratamento da Covid-19, estão a ser adquiridas centralmente mais embalagens, sendo a distribuição assegurada pelo Laboratório Militar".
Relativamente aos dois fármacos, o Infarmed acrescentou que, "além das aquisições efetuadas, ao nível central" está a ser assegurada "quantidade suficiente destes medicamentos para as necessidades previstas em estreita articulação com as empresas farmacêuticas". O objetivo é que, caso estes fármacos venham a demonstrar eficácia, os laboratórios mantenham a disponibilidade de produto para Portugal.
experimental
Também o medicamento experimental para o tratamento do ébola (remdesivir) já está a ser usado em Portugal. Ao contrário dos fármacos do VIH e da malária, não está aprovado em nenhum país do Mundo para qualquer doença. Pelo que a sua utilização em contexto hospitalar carece de aprovação da Autoridade do Medicamento. Até à semana passada, já tinham sido autorizados três pedidos para utilização do remdesivir, disse o Infarmed.
Este antiviral, criado pela farmacêutica norte-americana Gilead como potencial tratamento para o ébola, é, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, "uma molécula promissora no tratamento de Covid-19 tendo em conta o seu largo espetro antiviral", a informação in vitro e in vivo disponível para os coronavírus, assim como a extensiva base de dados de segurança clínica, nota o Infarmed, acrescentando que estão a decorrer ensaios clínicos com remdesivir na China, EUA e que há um potencial alargamento a países na Europa.
SABER MAIS
Ensaios prioritários
O Infarmed vai dar prioridade à avaliação de novos ensaios clínicos para novos fármacos que visem prevenir ou tratar a doença Covid-19, segundo uma orientação publicada no site da instituição com "medidas excecionais durante o período de risco para a saúde pública".
Petição pela cloroquina
Em França, está a correr uma petição para facilitar a prescrição da hidroxicloroquina, um tratamento que tem suscitado vivos debates sobre a sua utilização contra o coronavírus.
Plasma de curados
Na China e nos EUA, está a ser usado plasma de pessoas curadas no tratamento de doentes Covid-19.